Isabel Ponce de Leão critica petição que pedia a Rui Moreira a remoção da estátua de Camilo Castelo Branco.
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Por ter estado envolvida, há 11 anos, no movimento para as comemorações dos 150 anos da obra "Amor de Perdição", a professora catedrática Isabel Ponce de Leão criticou a justificação utilizada pelos 37 signatários que pediram à Câmara do Porto a remoção da estátua de Camilo Castelo Branco no Largo Amor de Perdição: "Quanto à ofensa ao pudor e à dignidade, o argumento é de má fé e configura ignorância".
A também deputada municipal pelo grupo independente de Rui Moreira revelou, na sessão da Assembleia Municipal desta segunda-feira à noite, ter sido convidada a assinar a carta endereçada ao autarca, mas não o fez.
"Até porque não sou ilustre", ironizou, observando que a mesma petição "deturpa factos". A professora reitera: "A escultura homenageia, sim, a obra "Amor de Perdição", cujas heroínas são Teresa e Mariana, e nada tem a ver com Ana Plácido". E considera que "Ana Plácido, mulher superior, rir-se-ia de tudo isto".
O presidente da Câmara do Porto, por sua vez, já admitiu, na semana passada, partilhar a opinião dos signatários, considerando a escultura de "mau gosto". Mas como a doação e a instalação da obra foram, à data, aprovadas pelo Executivo, Moreira recuou na decisão de a remover do Largo Amor de Perdição.
Para a deputada, a petição está associada a "uma censura suspeita porque aparece 11 anos depois".
Com esta polémica, diz, "perdeu a democracia, perdeu o bom senso, foi enxovalhado o escultor - goste-se ou não, tem um vasto currículo e obra pública por todo o país - e, sobretudo, o que é mais grave, perdeu o Porto".