Desde 2020, a cidade do Porto captou 2,4 mil milhões de euros. Tecnologia, inovação e turismo são setores em destaque.
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Entre 2020 e 2024, a cidade do Porto captou 2,4 mil milhões de euros provenientes do investimento direto estrangeiro (IDE). Tecnologia e inovação, logística e infraestruturas, e turismo estão entre os setores com maior peso. Espanha, França e Reino Unido lideram a origem dos países investidores.
"Ao longo das últimas décadas, a cidade tem-se afirmado como um destino de excelência para empresas mundiais, resultando da conjugação de fatores como inovação, competitividade económica e talento. Atualmente, devido às universidades e centros de investigação instalados localmente, o Porto conta com uma mão de obra altamente especializada e internacionalmente reconhecida", salienta, ao JN, o presidente da câmara municipal, Rui Moreira, que também lidera a InvestPorto. O ano de 2023 foi o mais profícuo, ao totalizar 998 milhões de euros.
O autarca fala numa "evolução significativa", que traduz o "crescente interesse por parte das empresas internacionais em estabelecer as suas operações na cidade".
Mão de obra
Os quase mil milhões de euros arrecadados em 2023 representam o pico da recuperação pós-covid iniciada em 2021. Desde 2020 (238 milhões de euros), o valor foi sempre em crescendo, como se confirmou em 2021 (302 milhões de euros) e 2022 (583 milhões de euros). Já em 2024 (300 milhões de euros) verificou-se um desinvestimento, mas em linha com a "tendência de diminuição global" acentuada. Os números acompanham a trajetória da Área Metropolitana do Porto (AMP), sempre a subir até 2023. Ou seja, de 650 milhões de euros (2021) passou-se para 994 milhões (2022) e 1020 milhões em 2023. Também na AMP, em 2024 deu-se uma inversão (574 milhões).
A comprovar o saber saído das universidades e dos centros de investigação, aliado à mão de obra especializada, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que mais de metade dos diplomados em áreas das ciências, engenharias e matemática, no ano letivo de 2022/23, formaram-se em faculdades do Porto e da região noroeste do país, "tornando a região particularmente aliciante para empresas de áreas como as tecnologias de informação, responsáveis por mais de 40% dos empregos locais criados entre 2019 e 2023".
Localização estratégica
"A localização estratégica intercontinental de Portugal em geral, aliada à acessibilidade e à conectividade da cidade do Porto em particular, é igualmente um fator diferenciador. O Aeroporto Francisco Sá Carneiro conta com ligações para mais de 100 destinos diferentes e a rede local de transportes tem vindo a ser alvo de frequentes ampliações, de forma a viabilizar a mobilidade na cidade", acentua Rui Moreira.
"Paralelamente, o Porto destaca-se pela qualidade de vida, proporcionando um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a custos mais competitivos, quando comparada com outras cidades europeias. A cultura vibrante, a segurança e a hospitalidade locais também são fatores que distinguem a cidade aos olhos de investidores internacionais. No que respeita à aposta na mobilidade e acessibilidade, bem como em infraestruturas inteligentes, o Porto posiciona-se como um centro inovador e preparado para o futuro", reforça.
Comércio e serviços, indústria e produção, saúde e imobiliário, são outras das áreas que têm captado investimento.
DETALHE
A maior fatia na Área Metropolitana
No vasto território da Área Metropolitana (AMP), e contando com todos os seus municípios, o Porto é o concelho em que os estrangeiros mais têm apostado para os seus negócios, de olhos postos no presente e no futuro. Os dados divulgados revelam que a cidade do Porto têm vindo a absorver os maiores montantes do investimento direto estrangeiro (IDE), conforme ilustram as percentagens: 33% em 2020, 46,3% em 2021, 61,7% em 2022, 98% em 2023 e 52% em 2024.
"Qualidade de vida, segurança, estabilidade e talento"
Acolhimento A sociedade de advogados AGPC - Almeida Garrett, Pinto de Carvalho especializou-se no apoio aos investidores estrangeiros no nosso país. Catarina Garrett diz que "desde 2016 tem sido sempre a crescer". Quem procura Portugal têm sido investidores dos EUA, em especial da Califórnia, assim como da América do Sul, com enfoque no Brasil, a par do Reino Unido e da Ásia. Boa parte do dinheiro aplicado tem a ver com a área do digital. "Qualidade de vida, segurança e estabilidade" são predicados que jogam a favor do território nacional. "O custo de vida ainda não é muito alto, em comparação com outros destinos", assinala Catarina, que dá apoio a startups e a empreendedores. "Portugal tem muito talento e uma ótima preparação académica", sublinha, advertindo que a burocracia é o que mais atrapalha. "É um desafio, mas temos evoluído imenso", diz. "O Norte do país é muito atrativo, sabe acolher, o feedback é ótimo. O Porto, por exemplo, é uma cidade com alma, com vontade de resolver", adianta, citando o caso dos nómadas digitais que encontram no Porto "bom acolhimento e segurança, e estão perto de tudo".