Os alunos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) consideram que estão a ser "desprezados" pelo Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), que decidiu encerrar as seis residências de estudantes durante o mês de agosto. Muitos não têm alternativa para viver, se não tiverem família em Portugal
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Além de não terem local para ficar durante esse mês de férias, caso não tenham familiares em Portugal, ou não consigam um trabalho sazonal com direito a dormida, os estudantes viram-se ainda confrontados com pagamentos dos quartos com que não contavam. Além disso, também não podem deixar os pertences em dispensas do IPBeja.
Mariana (nome fictício) contou ao JN que os estudantes cabo-verdianos "são dos que estão a ser mais afetados". E sublinha a extinção de um protocolo entre a Associação Maense, do seu país e o Politécnico. "Com base nesse não pagávamos nas residências", diz.
Questionado o IPBeja, Aldo Passarinho, Pró-Presidente para a Imagem e Comunicação, garante que "o protocolo se mantém, mas por deliberação do Conselho de Gestão, o acordo anual que isentava os estudantes abrangidos não foi assinado para o presente ano letivo". Mariana assegura que tal situação "não foi comunicada antecipadamente".
Foram comprados por um prato de comida e um bilhete para o certame, em que, sem saberem ao que iam, envergaram camisolas de apoio ao aeroporto de Beja e tiraram fotos com o presidente da República
Ao JN, a jovem acusa ainda o IPBeja de ter envolvido os estudantes dos PALOP numa "encenação" durante a Ovibeja, que decorreu de 27 de abril a 1 de maio.
"Foram comprados por um prato de comida e um bilhete para o certame, em que, sem saberem ao que iam, envergaram camisolas de apoio ao aeroporto de Beja e tiraram fotos com o presidente da República", aponta a jovem.
Aldo Passarinho, confirma a situação, mas diz que foi uma plataforma da sociedade civil "que pediu a colaboração dos estudantes para se envolverem numa ação de defesa da infraestrutura".
Quando precisaram de nós era tudo facilidades. Agora que já não precisam, querem escorraçar-nos
O responsável acrescenta que o instituto considera a a participação dos jovens africanos "como um exercício de cidadania". Sublinha ainda que foi a plataforma "que operacionalizou os termos do apoio".
"Quando precisaram de nós era tudo facilidades. Agora que já não precisam, querem escorraçar-nos", conclui a jovem cabo-verdiana.