Um programa desenvolvido por alunos da Faculdade de Engenharia do Porto vai permitir aos Sapadores poupar muitas horas na elaboração das escalas de trabalho e gerir de forma mais eficaz os meios em situações críticas como incêndios, salvamentos e outras emergências.
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A plataforma foi criada pela JuniFEUP, júnior empresa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e foi distinguida como Projeto do Ano nos jeniAL Awards 2025, que reconhece as melhores iniciativas entre as Júnior Empresas Portuguesas. Criado "pro bono" (a título gratuito) por cinco pessoas, o programa está em fase de afinações finais, prevendo-se a sua implementação oficial no segundo semestre deste ano.
Segundo revelou Daniel Rebelo, da Direção da JuniFEUP, o projeto "já tinha sido pedido pelos Sapadores do Porto há cerca de dois anos" e agora finalmente "houve oportunidade para ajudar". Atualmente, o escalonamento dos operacionais é feito de forma manual, "custando" mais de 11 mil horas por ano. Com a nova plataforma, o processo será muito mais rápido.
"Criámos um programa que funciona através de um algoritmo e cria, em poucos segundos, uma escala de distribuição de tarefas, que antes era feita por quatro pessoas em várias horas", explicou o diretor de tecnologia da JuniFEUP, Francisco Maldonado. O algoritmo "evita a repetição das tarefas e diminui erros". E permite uma melhor divisão entre todos os bombeiros, que têm preferência e uma maior apetência para realizar uma função específica (como mergulhadores, operadores de telefone ou motoristas de veículos de combate aos fogos).
Ainda assim, poderá haver melhorias regulares, cumprindo o objetivo de ser "cada vez mais intuitivo e fácil de usar por qualquer pessoa". Fonte dos Sapadores do Porto mostrou-se bastante satisfeita com os testes iniciais, admitindo foi preciso fazer "algumas correções para adaptar o projeto" às necessidades.
Agora que este trabalho está muito perto da conclusão é hora de começar a olhar para o futuro. "Estamos a tentar expandir para outros regimentos, bem como para outras forças de segurança, porque acreditamos que poderá ser útil para facilitar este trabalho logística", rematou Daniel Rebelo, colocando a possibilidade de expansão do projeto para outro tipo de atividades, como fábricas.
Preparação para o mundo laboral
A JuniFEUP surgiu em 2001, de modo a preparar melhor os estudantes universitários para o mercado de trabalho. Neste modelo, os "empregados" trabalham num organograma empresarial e têm uma oportunidade de contactar clientes e encarar os desafios do mundo laboral.
"Ajuda-nos a sair da zona de conforto e a lidar com as adversidades habituais do mundo empresarial. Além disso, dá-nos um espaço para errar, onde as consequências são menores do que num emprego", explicou Francisco Maldonado.
Para cumprir os prazos, os alunos trabalham fora dos horários das aulas, numa média de 15 a 20 horas semanais. Ao todo, a JuniFEUP é constituída por 62 estudantes, de vários cursos e anos, sendo que há anualmente um processo de candidatura para renovar os "trabalhadores".
"No fundo, é um trabalho que se torna divertido, porque temos amigos na JuniFEUP e é uma grande oportunidade de crescimento pessoal. Dá-nos ainda valências importantes para o futuro", concluiu Daniel Rebelo.