
Fotos: Marta Melo
O descongelamento das propinas foi o grande tema da contestação dos estudantes de Coimbra, a abrir o cortejo da Festa das Latas, que, neste domingo, percorreu as ruas da cidade. Mesmo com preocupações, o momento é de festa.
"A estrutura de sátira remete para o descongelamento das propinas e também das decisões do que tem sido a administração do Ministério da Educação, Ciência e Inovação e a temática que pode ser preocupante para o futuro, num ano em que há menos 10 mil vagas no ensino superior e as condições que os estudantes têm, não só em Coimbra, mas ao longo de todo o país, se vêm degradando cada vez mais e não há qualquer apoio", salienta o presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, Carlos Magalhães.

A AAC é a favor de um "ensino gratuito e universal" e com as "condições mínimas". "Num ensino superior onde não existe habitação, não existe ação social, e existe um descongelamento das propinas, a questão é se queremos ter estudantes ou se queremos ter ensino superior, porque certamente este não é o rumo a tomar", adianta.
As preocupações eram evidentes em muitas das mensagens ao longo do cortejo. Era o caso da tarja transportada por um grupo de caloiros de Direito, onde se lia "Portugal acelera nas propinas e trava no futuro".

"Nos quartos, o preço está cada vez mais alto, e as propinas a aumentarem também. Daqui a pouco não há estudantes. É um bocadinho complicado", sustenta Filipa Nunes, da Póvoa do Varzim.
"Aproveitar ao máximo"
Por ser o seu primeiro cortejo, Filipa Nunes, caloira de Direito, confessa que é especial. "Para nós isto é uma alegria. Estamos pela primeira vez a apresentar-nos na universidade, para os turistas e para os nossos familiares", resume. A estudante adianta ainda expectativas "muito altas" para o cortejo. "Pretendo divertir-me muito e aproveitar ao máximo", acrescenta.
Para Ana Francisca Simões, nova estudante de Medicina Veterinária, este primeiro desfile representa "muita alegria", esperando ser o "início de um bom curso e de uma boa vida académica".

A jovem de Coimbra diz ainda ser "sempre bom" mostrar as tradições da cidade e participar nelas. "Entre ouvirmos e vermos como estudantes no secundário e realmente participar é diferente. É uma euforia", acrescenta.
"Vida académica é incrível"
Inês Brás entrou em Geografia e é de Bragança. Coimbra foi a primeira escolha e a integração está a correr bem. "Nas primeiras semanas é complicado, principalmente para os estudantes deslocados, mas agora com a ajuda dos padrinhos, das madrinhas, é muito mais fácil."

A jovem conta que este início "está a ser divertido", com convívio e amizades que, já diz, espera "levar para a vida".
Tiago Vicente, de Ponte de Sor, também se mostra satisfeito com a experiência em Coimbra, onde já fez "super bons amigos". "A vida académica é incrível", refere.
Fim de uma etapa
A Festa das Latas é também dos estudantes finalistas, que, este domingo, impuseram as Insígnias. Para Beatriz Santos, que participou na cerimónia o momento representa o "final de uma etapa". "Como estudante deslocada já é muito difícil para mim estar longe da família e Coimbra faz-me sentir casa. Casa não é um sítio, mas sim pessoas", refere a estudante de Economia.

Também para Catarina Martins Nunes, finalista de Direito, é "o fim de uma longa, dura, horrorosa jornada", mas que também "tem algo de bonito" pelas pessoas que se conheceram. "Metemos aqueles óculos e foi tudo tão bonito, mas houve aqueles certos momentos dolorosos. Mas todos os cursos têm isso", atira.
Natércia Quaresma, mãe de uma caloira de Medicina Dentária

"Gostamos de acompanhar sempre o percurso da filha. Em todas as situações escolares sempre estivemos presentes e vai continuar a ser. É importante, porque é o início de uma vida académica que ela ansiava muito."
Beatriz Santos, finalista de Economia

"É uma mistura de emoções. É o último ano, já estou a sentir a pressão de que está a acabar. Mas estou muito feliz. Gosto muito daqui, mas também já está na altura de voltar para casa."
