Um grupo de estudantes da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), apoiado por dez entidades, recolheu, este sábado, lixo no rio Mondego, em Coimbra. Das margens e do rio, foram retirados 15 sacos de 30 litros de resíduos, sobretudo plástico, em cerca de uma hora.
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“A atividade é, sobretudo, a questão não só de sensibilizar a população, mas manter o nosso planeta mais limpo”, indica Marina Montezuma, coordenadora da iniciativa, promovida pelo Gabinete de Apoio ao Voluntariado da ESEnfC.
A ação de limpeza - “Mondego limpo tem mais encanto” - começou cerca das 11 da manhã, na zona do Choupalinho, nas margens do rio, mas também dentro de água, com recurso a pranchas de paddle. Estavam inscritos 60 estudantes para a iniciativa, também aberta à comunidade.
Em cerca de uma hora, os voluntários recolheram 15 sacos de 30 litros de resíduos, sobretudo plástico.
Mariana Lobo, aluna do quarto ano, juntou-se pela segunda vez à iniciativa, acompanhada de uma colega.“Gostámos tanto do ano passado, porque é uma campanha super boa para o ambiente, que decidimos fazer de novo”, conta.
Prática inspiradora
A estudante considera a iniciativa importante e, diz, é “bom cada vez mais pessoas” se juntarem, porque mostra que estão “todos mais conscientes”. Mas Mariana aponta também benefícios para o Mondego. “Nunca pensei, mas é um rio que tem muito lixo e precisa mesmo de ser limpo”, frisa.
Esta foi a nona edição da campanha, que começou no ano da pandemia, em 2020. “Achámos que havia muito lixo, nomeadamente, muito plástico, luvas e máscaras no rio, que prejudicavam muito, não só a fauna, como a flora”, explica Marina Montezuma.
A coordenadora lembra que começaram com um grupo de 10 pessoas, mas a ideia foi crescendo e, agora, procuram realizar duas edições por ano. Uma em junho, o mês em que se assinala o Dia Mundial do Ambiente, e a outra em setembro coincidindo com o Dia Internacional da Limpeza - “World Cleanup Day” - e a chegada dos novos estudantes.
Rio é património
“Acaba por ser um misto de sensibilização da população em geral para o ambiente, para as preocupações com o rio, com a nossa natureza, com a nossa terra, e também acaba por ajudar na integração dos novos estudantes, que chegam de diferentes partes do país e ilhas. É uma forma de se encontrarem e socializarem”, aponta Marina Montezuma.
Em 2023, o ORSIES - Observatório da Responsabilidade Social e Instituições de Ensino Superior classificou a iniciativa como “prática inspiradora”. A ação, segundo Marina Montezuma, tem sido ainda apresentada em eventos científicos, a nível nacional e internacional. “É uma atividade que pode ser replicada por muitos”, observa.
A atividade deste sábado começou com uma ação de sensibilização, com o tema “Nosso rio: um grande património a proteger”, dinamizada por Rita de Almeida, doutoranda em Território, Risco e Políticas Públicas.
“Limpar o rio é como se limpasse qualquer coisa, mas as pessoas precisam compreender o que é que isso significa. Porque o Rio Mondego é um património. O ambiente é um património e é a nossa casa. Precisamos de cuidar dela de uma forma clara, entendendo globalmente, apesar da ação ser local”, diz.
Processo de catástrofe global
Para a doutoranda, é importante que “as pessoas se sensibilizem por elas mesmas”, já que “tudo o que fazemos para o ambiente, para o outro, estamos a fazer para nós”.
“Esta relação de entendimento, de que eu preciso estar para o outro e que nós precisamos de estar para o ambiente, é fundamental para que a gente saia dessa relação de desastre global. Estamos num processo de catástrofe global, mas não vamos resolver nenhum desastre, nenhuma catástrofe, se não resolvermos localmente”, afirma Rita de Almeida.
A iniciativa terminou com uma sessão de ioga na natureza.