Se os anos passados na Universidade do Minho "são viagem", como diz o hino oficial da academia minhota, a chegada ao destino final provoca sensações distintas, quase antagónicas, muitas vezes difíceis de exprimir. A grande festa académica arrancou, na noite de anteontem, e prolonga-se até ao próximo sábado, com um programa que irá permitir extravasar estas e outras emoções.
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Em muitos rostos escorrem lágrimas, que tanto podem ser de felicidade pelo fim bem sucedido de um ciclo como de incerteza pelo que vem daí para a frente. É também por isso que o Enterro da Gata, a semana académica da Universidade do Minho, não começa com concertos, mas antes com um "velório" depois da "morte da gata" - ou seja, do insucesso escolar - e com a imposição das insígnias aos finalistas.
Semana emocionante
"Esta é uma semana de euforia, mas que também será muito emocionante por tudo aquilo que representa para nós, em especial para os finalistas", diz ao JN Margarida Oliveira, que está no último dos três anos do curso de Biologia Aplicada. A tal euforia de que fala a jovem bracarense, de 21 anos, foi bem patente na noite de anteontem, que marcou o início oficial do Enterro da Gata. Dezenas de alunos chegaram à estação de comboios com um caixão aos ombros, o que deu início ao "velório", um percurso demorado e que entrou madrugada dentro, até chegar ao Largo do Paço, em frente à reitoria.
"Acho que esta é uma forma engraçada de começar as festas", considerou Afonso Soares, natural da ilha de São Jorge. Apesar de estar no segundo ano do curso de Engenharia Química e Biológica, assistiu pela primeira vez ao "cortejo fúnebre", onde não faltaram figurantes vestidos de padre e até por um pálio.
Tricórnios ganham cor
Recompostos da euforia, ontem de manhã, milhares de finalistas vestiram bem cedo o traje e participaram na imposição das insígnias, juntamente com os padrinhos e os familiares, num dos momentos mais emotivos do Enterro da Gata. "É inevitável não deixar cair as lágrimas", admitiu Joana Silva, de 22 anos, finalista do curso de Biologia e Geologia.
Na tal imposição das insígnias, que decorreu em Braga e em Guimarães, as duas cidades onde a Universidade do Minho tem os seus campi, os tricórnios negros são trocados por outros coloridos, referentes a cada curso, simbolizando um período de sucesso após três ou cinco anos - no caso dos mestrados integrados - de trabalho. Dos tais anos que "são viagem".
Pormenores
Gatódromo - Os concertos no Gatódromo, instalado no Altice Forum Braga, abriram ontem com Slow J e Lon3r Johny. Hoje sobem ao palco os grupos culturais da UMinho. Ana Malhoa (amanhã), Quim Barreiros (quarta), Dillaz (quinta) e Wet Bed Gang (sexta) são alguns dos destaques.
Cortejo - O cortejo dos carros alegóricos dos vários cursos, decorados a rigor, acontece na quarta-feira à tarde, em Braga. Sob o tema da edição deste ano, "A gata paga mas bufa", são esperadas várias mensagens de protesto e de alerta face às necessidades dos estudantes.