Ex-mineiros da Urgeiriça pedem ajuda a Marcelo devido atraso na descontaminação de casas
Os antigos mineiros da Empresa Nacional de Urânio (ENU), em Nelas, não desistem da apresentação da queixa crime contra o Estado devido ao atraso na descontaminação das suas casas, que foram construídas com materiais radioativos provenientes das minas. Os ex-funcionários da ENU decidiram, em Assembleia Geral, solicitar a intervenção do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para o problema ser resolvido com celeridade.
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"Só nos restam os tribunais e o presidente da República", justifica o porta-voz da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), António Minhoto.
"A Assembleia da República está farta de pedir celeridade sobre esse processo e, portanto, só cabe ao presidente intervir porque o Governo tem sido insensível e não tem obrigado, ou não faz com que a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) cumpra com aquilo que o Parlamento já tinha pedido em 2018", explica o dirigente, lembrando que os deputados exigiram "a recuperação total das habitações e com celeridade".
"Mesmo depois disso, quatro anos, essa celebridade continua a não ser célere", lamenta António Minhoto.
Os antigos mineiros da ENU vão enviar para Marcelo Rebelo de Sousa a moção que aprovaram a exigir a conclusão dos trabalhos e prometem fazer uma concentração à porta do Palácio de Belém para "pedir a intervenção célere" do chefe de Estado "em virtude de o Governo não ser sensível".
As formas de luta não se ficam por aqui. Os ex-trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Urânio e as suas famílias vão ainda realizar um roteiro de protesto pelas ruas da Urgeiriça, com faixas "a denunciar a situação dramática que podem viver ainda alguns moradores, pela não descontaminação das suas habitações e logradouros".
Segundo António Minhoto, os trabalhos de descontaminação pararam em setembro do ano passado. Há mais de 100 casas que foram construídas com materiais radioativos.