A sinalética horizontal à entrada da aldeia de Arcos, Tabuaço, indica tratar-se de uma zona de travessia de animais. Mas há quem lute na justiça para ver um rebanho, onde já houve casos de brucelose, longe da porta com medo dos excrementos e da contaminação.
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Afonso Costa, dono de uma casa à entrada da aldeia, é um dos principais opositores à passagem pelas ruas do rebanho que pertence a um pastor da terra. Queixa-se dos excrementos espalhados pelo chão, das escorrências, dos mosquitos e do cheiro pestilento que lhe invadem a habitação.
"O mais grave, no entanto, é eu saber que todos os anos têm sido detectados casos de brucelose entre os animais, sem que sejam tomadas providências para que o rebanho seja isolado e deixe de circular como se nada acontecesse", queixa-se Afonso Costa.
O aparecimento de uma doença de pele na esposa, Adelaide Costa, alegadamente provocada pelas picadelas dos mosquitos, estão a preocupar o casal. Sobretudo depois que a clínica forense do Instituto de Medicina Legal de Vila Real, após alguns exames, concluiu que "há nexo de causalidade entre as lesões e a presença de um rebanho de gado caprino nas imediações da residência".
"A minha mulher aparece com o corpo cheio de borbulhas que lhe dão comichão até ficarem em ferida. Quando cicatrizam, deixam um pêlo à mostra", revela.
O caso tem sido alvo de sucessivas queixas às autoridades locais, ambientais, municipais e judiciais. Mas o rebanho, agora de 225 ovelhas, pertencente a Fausto da Costa Lamego, continua a circular pelas ruas da aldeia.
"Não posso levar os bichos para o pasto de helicóptero. Eles têm de se deslocar. Tenho 52 anos, nasci ao lado dos animais, e sempre assim foi", reage o pastor.
Fausto Lamego garante que a freguesia está do seu lado, excepto duas famílias que ainda lhe pertencem. "Um é meu irmão. Outro é primo direito da minha mulher. Éramos todos muito amigos e nunca tiveram medo das ovelhas. Depois houve uma zanga e começaram as queixas", lamenta o pastor.
Fausto Lamego reconhece que em 2008 teve seis casos de brucelose e em 2009 apenas dois. "A entidade sanitária vem cá e abate as que estão doentes". O ano passado, o pastor foi absolvido pelo Tribunal do pagamento de uma coima de 25 euros à autarquia pelos excrementos na via. Agora enfrenta nova investigação do MP.