No culminar de quinze dias de greves, manifestações e plenários, a Fesaht (Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal) exigiu a reabertura de 25 mil empresas, que se encontram ainda encerradas desde o período de confinamento, colocando em causa "cerca de 75 mil trabalhadores".
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Ao JN, durante a ação de luta que decorreu esta sexta-feira em frente à AHRESP (Associação de Hotelaria e Restauração e Similares de Portugal), no Porto, o dirigente do Sindicato de Hotelaria do Norte criticou a "violência" com que patrões "exigem aos trabalhadores que trabalhem sem lhes pagarem os salários". Francisco Figueiredo garante que as "empresas estão a aproveitar-se da crise sanitária para não darem aumentos salariais aos trabalhadores e porem em causa direitos laborais".
O dirigente sindical acusa ainda a Inspeção Geral do Trabalho de "não atuar de acordo com o seu estatuto legal", reforçando que a entidade deve "atuar de forma rápida, eficaz, coerciva e penalizadora" na aplicação de multas às empresas. "Só aqui na região Norte mandamos 237 pedidos e a Inspeção apenas respondeu a 26", diz.
Na próxima quarta-feira, a Fesaht "vai ao Ministério do Trabalho exigir que ponham termo a esta situação de retirada de direitos aos trabalhadores, que sejam reintegrados os trabalhadores despedidos e repostos todos os direitos", conclui Francisco Figueiredo. Na moção aprovada hoje pelos trabalhadores presentes na concentração, exige-se ainda o respeito pelos direitos de contratação coletiva e aumentos salariais "dignos e justos".
Desentendimentos levam a dificuldades no setor dos comboios
Também os funcionários dos bares dos comboios Alfa e Intercidades denunciaram que continuam impedidos de ocupar o seu posto de trabalho, devido à falta de acordo entre a CP e a empresa que presta o serviço. Em causa estão 120 trabalhadores.
"A empresa quer-nos parados num banco na estação de Campanhã, sem termos condições mínimas de higiene", explica Carina Castro, representante dos trabalhadores dos bares dos comboios. "Estamos com muitas dificuldades porque os salários praticados pela empresa são muito baixos", explica, para dar conta de que "há cada vez mais trabalhadores neste setor que não conseguem pagar as contas e que já não têm dinheiro para a própria alimentação".