Evento começa esta quarta-feira e termina domingo, com 122 mercadores e animação para celçebrar 740 anos da Outorga do Foral daquela vila.
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Alberto Castro, artesão de Rio Tinto, Gondomar, tem a tenda “Santo António e outros simpáticos", instalada junto à Torre do Relógio de Caminha. É um dos 122 mercadores que estão a participar no evento Caminha Medieval, cuja edição, que começou esta quarta-feira e segue até domingo, é dedicada aos 740 anos da Outorga do Foral daquela vila.
Além de um aumento da ocupação do espaço, com 23 artesãos, 37 mercadores não alimentares 54 do ramo alimentar e oito exóticos [total de 122], a novidade este ano é o aluguer de trajes medievais e a nova praça de alimentação, junto à entrada do parque de estacionamento do tribunal. O que não é novo para Alberto, que há 11 anos passou de comercial de telecomunicações a artesão de Santo Antónios, são as virtudes do “santo casamenteiro”. Vende-os num saco de papel identificado como “eterno simpático”, acompanhado com cartões, um deles com o dito ‘Santo António de Lisboa, pu-lo de pernas para o ar, para encontrar o pedido, e até mo entregar”. E o artesão conta histórias sem fim dos seus dotes para ajudar a encontrar maridos e objetos perdidos.
“É um dos santos mais populares nas feiras. É o que se vende mais. Comecei a fazer Santo Antónios porque as pessoas me pediam”, conta o artesão, que veste o traje alusivo ao santo, comentando que clientes regressam mais tarde para relatar que encontraram uma aliança de casamento perdida na areia da praia, um ano depois, e de mulheres que conseguiram casamento, em resultado de por o santo de pernas para o ar, dizer o responso ou tirar-lhe o menino do colo.
Motivos de atração à feira medieval são, além do artesanato, muita joalharia, licores e ginginhas, compotas, frutos secos, a gastronomia e artes do oculto. O porco no espeto é “rei”. Que o diga a Comissão de Festas Sebastianas, de Âncora, cujo padroeiro é o Mártir Sebastião, que instalou na feira uma tenda que só vende sandes de porco e arroz doce. “O porco no espeto é o ex-libris das nossas festas. Temos sete porcos, com 80 a 100 quilos, preparados. No ano passado vendemos tudo. É um por dia e, no sábado e no domingo, assamos dois. As pessoas já nos conhecem e fazem fila”, contou Sofia Freitas.
A barraquinha de crepes, compostas e licores, do casal Dores Passos e José Gomes, também costuma ter enchente. “As pessoas aderem bastante a esta feira medieval. Aqui fazem fila e espero que este ano também se cumpra a tradição. O que procuram mais é o crepe com Nutella. Acho que 98 por cento dos clientes vem por causa desse crepe”, afirmou Dores, enquanto servia um ainda a feira estava começar.
O evento celebra, nesta edição, os 740 anos da Outorga do Foral a Caminha: a 24 de julho de 1284, D. Dinis, Rei de Portugal, outorga a primeira Carta Foral à Vila de Caminha. A animação é um dos pontos fortes, com música medieval, duendes, saltimbancos, feiticeiros e charlatães, oficinas de caligrafia, leilões de meretrizes, desfiles de cavalos e cavaleiros, exibição de voos de aves de rapina, espetáculos de fogo, acampamento militar, pantominas e teatro. Segundo o autarca local, Rui Lages, o certame vai demonstrar “a forma como a cila era vivida há 740 anos, com as suas experiências, cheiros e gastronomias”. “Este é um evento âncora deste concelho. Este ano temos mais mercadores e mais gente a participar, e uma atividade cultural intensa dentro da feira”, disse.