Extensão da Linha Amarela inaugurada: novo troço de metro até Vila d'Este é gratuito neste fim de semana
Todos os passageiros podem viajar gratuitamente no prolongamento da Linha Amarela do metro do Porto, entre a estação de Santo Ovídio e Vila d'Este, em Gaia. A oferta arranca às 14 horas desta sexta-feira e prolonga-se até à uma da manhã de segunda-feira. O novo troço foi inaugurado esta manhã.
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Está feita a viagem inaugural da nova extensão da Linha Amarela do metro do Porto. Às 10 horas desta sexta-feira, uma composição saiu da estação de Santo Ovídio, em Gaia, em direção a Vila d'Este. Nela seguiram o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, a presidente da Comissão Diretiva do Programa Ação Climática e Sustentabilidade, Helena Pinheiro de Azevedo, entre outras personalidades da região. A comitiva encheu um dos novos veículos CT que circulam na rede desde dezembro de 2023.
A obra representa um custo total avaliado em 206,4 milhões de euros, no qual está incluída a despesa com material circulante. O investimento contou com financiamento de programas comunitários como o PO SEUR, o Portugal 2020, Fundo de Coesão e Fundo Ambiental.
Gaienses quiseram registar o momento
Durante o percurso de cerca de seis minutos, vários gaienses concentraram-se nas imediações da linha, alguns à janela e com os telemóveis na mão para registar o momento. A cerimónia de inauguração do novo troço da rede do metro do Porto teve depois lugar na estação Manuel Leão a única subterrânea desta extensão (com 23 metros de profundidade), com direito a atuações musicais.
Para o público, a operação abre às 14 horas desta sexta-feira. As viagens são gratuitas entre as estações de Santo Ovídio e Vila d'Este a partir dessa hora. A oferta mantém-se até à uma da manhã de segunda-feira. De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, a operação prevista para este novo troço irá oferecer uma frequência de passagem das composições de oito minutos nas horas de ponta e de dez minutos durante o resto do dia.
Em declarações aos jornalistas, já no final da cerimónia, Tiago Braga aconselhou os gaienses a experimentar a viagem ao final da tarde. "Concentrem-se para fazer a deslocação ao final da tarde. É uma experiência muito interessante [ver] o pôr do sol no viaduto de Santo Ovídio", adiantou.
"Grandes obras têm grandes mitos"
A primeira palavra foi dada ao presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues. O autarca e também líder do Conselho Metropolitano do Porto, quis marcar a inauguração "de uma obra que, durante todo o tempo foi marcada pela dúvida sobre se as duas composições se cruzavam sem se tocarem" no viaduto de Santo Ovídio. "As grandes obras têm estes grandes mitos", afirmou orgulhoso. Mais tarde, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, garantiu terem sido feitos "todos os ensaios" e que as composições já se cruzam naquele viaduto "há cerca de um mês e meio", desde que começou a fase de testes.
"Quando a região Norte cresce, o país cresce", observou ainda Eduardo Vítor Rodrigues.
O presidente da Câmara de Gaia aproveitou ainda a oportunidade para salientar a importância da aprovação, pelo Governo, "há cerca de 15 dias", da verba para os projetos e estudos das novas linhas de Gondomar, Maia, Trofa e S. Mamede de Infesta (Matosinhos). A Metro do Porto está, atualmente, à espera do visto prévio do Tribunal de Contas para avançar com a adjudicação.
Salientando o trabalho feito pelos 17 autarcas que constituem a Área Metropolitana do Porto (AMP) e os problemas que conseguiram resolver juntos, Eduardo Vítor Rodrigues convidou ainda o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, a participar numa reunião de Conselho Metropolitano. O socialista quis ainda salientar o papel do governante, que "agilizou o TGV, os novos investimentos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro", considerando ser assim que "construímos país".
"A coerência de todos estes projetos, independentemente das disputas político-partidárias, têm a ver com a região e com o país, que se sobrepõem a todos nós", concluiu.
"O arranque de um ciclo virtuoso"
Seguiu-se o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga. "Hoje é um dia verdadeiramente importante para a Metro do Porto, para Gaia, para a Área Metropolitana do Porto e para o país", salientou. O líder da empresa resumiu o traçado: "São 3,5 quilómetros e três novas estações (Manuel Leão, Hospital Santos Silva e Vila d'Este) e um novo Parque de Materiais e Oficinas, que cresceu de 23 para 65 veículos de capacidade".
Com este prolongamento, estima-se que a Metro do Porto reúna mais 18 mil validações num dia útil, o que significa mais de 21,6 milhões de clientes por quilómetro. Ao mesmo tempo, deverá ser evitada a emissão de 2300 toneladas de dióxido de carbono por ano.
Salientando o anfiteatro construído por cima da estação, que será um novo "ponto de reunião" para os alunos da Escola EB 2,3 Soares dos Reis e associações lá instaladas.
"A chegada a Vila d'Este representará para os cidadãos que aí habitam, trabalham ou estudam, uma melhoria da sua condição e qualidade de vida, desde logo porque a acessibilidade e a capacidade de se movimentarem para outras partes da região é também uma forma de ascensão social. Daí a importância deste momento. Mas este momento, por muito singular e importante que seja, nunca será mais do que um passo", considerou Tiago Braga, assinalando o "arranque de um ciclo virtuoso para a empresa e para o ecossistema de mobilidade da AMP".
A presidente da Comissão Diretiva do Programa Ação Climática e Sustentabilidade, Helena Pinheiro de Azevedo, quis salientar, na sua intervenção, a "inexcedível colaboração" da Metro do Porto para tentar cumprir os prazos "o melhor possível".
Decisão do anterior Governo "e não temos qualquer dificuldade em reconhecer o mérito desta iniciativa"
Por sua vez, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, considerou que a extensão da Linha Amarela "é muito superior aos quilómetros" que percorre. Para a governante, "muito sumariamente, representa qualidade de vida".
"Este trajeto, que hoje entrará em funcionamento, resulta de uma decisão do anterior Governo e não temos qualquer dificuldade em reconhecer o mérito desta iniciativa. Foi uma obra precedida de estudos da Academia, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Corresponde a um anseio antigo da população que irá servir e serve o desígnio do combate às alterações climáticas", indicou Maria da Graça Carvalho, querendo "multiplicar exemplos como este por todo o país".
A governante apelou, no final do seu discurso, a importância da "capacidade em executar para não perder dinheiro europeu, que é tão importante para o nosso país". "Peço às diversas empresas e entidades públicas com projetos no domínio dos programas europeus, para agilizarem as suas iniciativas. Temos prazos muito apertados para a execução dos nossos projetos. As oportunidades de financiamento que hoje temos poderão não se repetir tão cedo", alertou.
Mais tarde, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, foi pelos jornalistas sobre se esta insistência da governante na importância de cumprir prazos o pressiona. "Sinto-me sempre pressionado, mas sinceramente não é pelos governantes. É pelas pessoas, pelos cidadãos, que sentem a necessidade de fazerem uma mudança modal", respondeu.
"Não temos qualquer pejo em inaugurar uma obra iniciada por outro Governo"
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, começou o seu discurso por garantir mesmo que o Executivo de Luís Montenegro não tem "de, facto, qualquer tipo de perspetiva maniqueísta da vida". "Não temos, de facto, qualquer pejo em estar aqui a inaugurar uma obra que foi iniciada por outro Governo", reforçou.
"Nós não somos ministros. Estamos ministros, e temos de ter a consciência do caráter efémero das funções que ocupamos e que as decisões que tomamos são para gerações", continuou Pinto Luz. O governante quis sublinhar a importância de juntar à pasta das infraestruturas "a visão da mobilidade e da habitação". "Entendemos que a AMP e a Metro do Porto têm feito é absolutamente notável a todos os níveis. Mas também vos digo que é essencial não termos estas políticas públicas em silos estanques e compartimentados. Não consigo pensar em mobilidade no Porto sem pensar em habitação na AMP. Não consigo pensar em mobilidade e transportes no Porto sem pensar em logística e micrologística, no papel do Porto de Leixões e no hinterland de mais de 14 milhões de concidadãos que serve, sem pensar no seu papel para o desenvolvimento económico do Porto", enumerou.
Querendo clarificar a "visão integrada" do Governo, referiu os projetos na linha de comboio de alta velocidade e o investimento feito no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Ao desafio de Eduardo Vítor Rodrigues, Miguel Pinto Luz respondeu: "Contem connosco para fazer da AMP a grande região do noroeste da Península Ibérica".