Ativistas da Associação Habeas Corpus irromperam, na terça-feira, pelo auditório da Casa do Tempo, em Cabeceiras de Basto, para expulsarem do espaço as dezenas de pessoas que participavam numa ação que tinha como objetivo informar a população sobre questões de género e orientação sexual.
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A Associação Habeas Corpus intitula-se como uma associação “sem fins lucrativos, que visa a criação de uma comunidade solidária, forte e temida, como via para a criação de uma massa crítica capaz de um dia refundar a Nação em torno dos valores da Verdade, Honestidade e Coragem”.
Nos vídeos que a rádio "Voz de Basto" divulgou no Facebook, é possível ver-se um dos ativistas do coletivo a provocar os participantes, convidando-os a sair. Atirou frases como “ide para casa fazer sopa” e “ide embora que estais a promover a homossexualidade”. Quando a artista plástica brasileira Liliane Barbosa, que reside na vila há vários anos, falou, o homem retorquiu: “Olha uma brasileira em Cabeceiras de Baixo”, errando o nome da localidade.
A GNR foi chamada ao local e foi pela ação dos militares que os elementos da associação Habeas Corpus, que terão viajado propositadamente de Lisboa, foram conduzidos para o exterior. No interior da sala, gerou-se um tumulto com acusações de parte a parte, alguns insultos, mas não há registo de agressões físicas. Quatro pessoas foram identificadas.
Rui da Fonseca e Castro, o ex-juiz que lidera a associação, escreveu mais tarde na rede social X que tinha estado em Cabeceiras “num evento de homossexualidade suportado com o dinheiro dos contribuintes. "Há 50 anos que somos escravos sem uma palavra a dizer sobre onde e como o dinheiro deve ser gasto. Isso vai acabar. Começou ontem”, respondendo depois a um comentário sobre a intervenção policial. “Quase que combinamos uma almoçarada com os militares da GNR. Fica para a próxima. Não se esqueçam de continuar a divulgar os vossos eventos de homossexualidade”, escreveu.
A vereadora Carla Lousada, presente na sessão, lamentou o “triste episódio”, demonstrando preocupação com o ocorrido, afirmando que “o que aqui se passou, não pode repetir-se”.
Foi apresentada queixa na GNR.