O ano acabou da pior forma para os funcionários da Camisas Sagres, de Mangualde. No dia 31 de dezembro foram despedidas 67 pessoas após anos de trabalho na fábrica, que chegou a empregar mais de uma centena de trabalhadores. Os operários foram informados do fecho da empresa têxtil no dia em que foram despedidos.
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A fábrica, que recebeu ajudas do Estado e de fundos comunitários, algumas delas ao abrigo do programa de apoios para a pandemia, disse que "não tinha sustentabilidade" para continuar em laboração.
A Camisas Sagres fabricava camisas e blusas, há mais de meio século, para as marcas Sagres e I feel, mas também para o mercado externo, para marcas de referência como Zara e Massimo Dutti. A produção anual rondava as 200 mil peças, mas nos últimos anos caiu o que levou a firma a dispensar pessoal. O JN sabe que já há algum tempo que se falava de um possível fecho da companhia.
Para a União dos Sindicatos de Viseu (USV), afeta à CGTP, o encerramento da fábrica e o despedimento dos 67 funcionários "foi uma surpresa". "Ainda não há muito tempo estivemos à porta da empresa a distribuir informação, chamando a atenção para um conjunto de problemas que estavam a verificar-se em várias empresas do setor têxtil e nada da conversa que tivemos com os trabalhadores fazia prever esta situação", garante Francisco Almeida, coordenador da USV.
A União dos Sindicatos está agora a tentar entrar em contacto com os trabalhadores dispensados e mostra-se disponível para os apoiar para "eles não prescindirem dos seus direitos e não serem enganados" após terem sido atirados para uma "situação miserável" devido ao encerramento da unidade fabril.
Quem se compromete a ajudar quem foi despedido, mas também a própria empresa é a Câmara de Mangualde, que já tem agendada para quarta-feira uma reunião com a administração da fábrica. O presidente da autarquia, Marco Almeida, diz estar a acompanhar "esta situação com uma grande preocupação".
"Este encerramento trouxe-nos um final de ano com amargura porque há famílias que fizeram esta passagem de ano de uma forma que não gostavam, que hoje estão a viver um momento de incerteza porque não têm nada seguro para o dia de amanhã", afirma o autarca.
Numa resposta ao JN, fonte da Camisas Sagres explicou que o fecho da empresa "já era anunciado há uns anos porque a atividade não era rentável". Essa informação, garante a mesma fonte, foi sendo avançada aos empregados.
"Tudo foi feito para as coisas mudarem e não mudaram. Tomamos esta decisão para não ser mais complicado, mas isto era algo que os trabalhadores já estavam à espera. As pessoas sabiam que as coisas não estavam bem e chegou agora o dia", confessou.
Os 67 trabalhadores despedidos vão agora para o desemprego. A fábrica compromete-se a assumir as suas "responsabilidades", mas escusa-se a avançar mais pormenores.