Fábrica de componentes para data centers vai criar 500 postos de trabalho em Viana
Uma nova fábrica de Energy POD (ePOD), equipamentos pré-fabricados de transformação de energia para data centers (centros de processamento de dados), deverá começar a funcionar, em fevereiro de 2026, em Viana do Castelo, num investimento de 50 milhões de euros que criará, inicialmente, cerca de 500 empregos.
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A unidade fabril "Nordic ePOD", anunciada esta segunda-feira, em conferência de imprensa, pelos investidores noruegueses da CTS Group, em parceria com a americana EATON, será instalada num terreno situado na zona de Darque e Vila Nova de Anha, a menos de um quilómetro do porto de mar. Cerca de 90% da produção será destinada a exportação, sendo a previsão de receita de 650 milhões de euros por ano.
"Vamos produzir ePOD, que é basicamente um equipamento pré-fabricado de transformação de energia de média corrente para baixa corrente, que se destina essencialmente a suportar instalações críticas com grande carga nos data centers. Em linguagem comum, nós todos contamos com a nossa rede, com os nossos telefones, etc, mas isto está tudo ligado a um data center, que não pode ter falhas de energia. Se os servidores forem abaixo o mundo pára", explicou Francisco Reis, CEO da Nordic ePOD.
O componente a fabricar em Viana integra unidade de transformação e quadros elétricos, a que se juntam baterias elétricas, e destina-se a garantir "energia estável" a data centers de "grandes playeres como a Amazon, Google, Meta e Tik Tok". "O maior data center do Tik Tok é na Noruega e fomos nós que o fizemos", referiu, adiantando que o mercado português também está nos planos da empresa e que a previsão é de crescimento da exportação, no futuro, para o Médio Oriente.
"Portugal tem tido uma posição estratégica. Temos vários cabos submarinos a ligar os vários continentes a Portugal e, para nós, que estamos também no mercado português, é sempre apetecível concorrer aos concursos que temos aqui em vigor, nomeadamente em Sines e Lisboa. No Norte há intenção futura de se fazer alguns data centers, portanto, nós tencionamos consolidar a nossa posição cá", evidenciou Francisco Reis, deixando em aberto a possibilidade de expansão da produção em território nacional. "É possível. A nossa fábrica na Noruega abriu em setembro do ano passado e, entretanto, já abrimos uma fábrica com duas vezes mais capacidade aqui em Portugal. Vamos abrir em Viana e a nossa intenção é crescer, digamos que temos de balancear isto com a procura de mercado", disse, frisando que, "internamente, a fábrica terá duas linhas extra de produção que podem ser ativadas" e também poderá ser até "construída outra fábrica se for necessário".
A unidade tem inauguração marcada no dia 1 de fevereiro de 2026. O presidente executivo do CTS Group, Filip Schelfhout, destacou a localização de Viana do Castelo, pelas ligações portuárias, rodoviárias e aeroportuárias, como um dos fatores de escolha para o novo investimento, que ocupará uma área total de 110 mil metros quadrados [21 mil metros quadrados de área construída].
O autarca de Viana do Castelo, Luís Nobre, celebrou a "magnitude" de um investimento que considera que poderá ter "um efeito de arrastamento em todos os agentes económicos do concelho, da região, do país e até na Europa".
O grupo norueguês CTS está presente em 11 países, tem base em Lisboa e atividade produtiva em Leiria, Barcelos e Sines, com uma parceria com a portuguesa Mecwide e, no Porto, com posição maioritaria na BIMMS.