A fadista de Goa, Sonia Shirsat, esteve na Universidade de Aveiro (UA) para procurar músicas antigas na coleção de discos doada à academia. As descobertas vão permitir alagar o repertório com que se tem apresentado na Índia e noutros países e mostrar novas referências nas aulas onde dá a conhecer o género musical.
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Sonia Shirsat tem-se destacado por ser uma das maiores promotoras do fado no estado indiano de Goa, que foi colónia portuguesa até 1961. Em 2016 avançou com o movimento “Fado in the city”, para divulgar o género musical junto das gerações mais novas e promover sessões em locais fora do habitual. Criou uma escola de fado onde já ensinou cerca de 300 alunos. Em novembro, pelo segundo ano consecutivo, irá lecionar um curso sobre fado na Universidade de Goa.
Também impulsionou o projeto Fado de Goa, que pretende “promover, proteger e preservar o fado que existe em Goa há muitos anos e que queremos que viva uma vida longa”, conta, ao JN. Segundo a cantora, há indícios de fado em Goa pelo menos desde final do século XVII e, até 1961, era habitual ouvir-se nas rádios. Depois disso, a presença diminuiu. “Estava a desaparecer”, diz, explicando que pessoas idosas “ainda conhecem o fado, mas as gerações mais novas não”.
Referências antigas e desconhecidas
Sonia Shirsat começou a cantar fado em 2003, quando o mestre António Chainho esteve em Goa para um workshop de guitarra portuguesa e foi desafiada a acompanhá-lo. Acabou por cantar Madredeus, mas o mestre disse-lhe que tinha voz de fadista e, desde então, tem-se dedicado ao género. Em 2008 deu o primeiro concerto em Portugal, no Museu do Oriente. Desde então já passou por palcos no Luxemburgo, Canadá, Singapura e outros países.
Nos últimos dias, a fadista esteve na UA, onde ficou encantada com a “coleção enorme de disco” que constam da coleção José Moças.
Lá encontrou várias referências à Severa e fados de Maria Alice, entre outros cantores antigos que não conhecia. Selecionou vários registos que leva “para cantar em Goa e mostrar nas aulas”, revelou.