Passagem à reserva de 38 elementos pelo não registo de dados pelo comando. Apenas 10 disponíveis. Socorro à população garantido com corporações vizinhas.
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Os Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera estão, há mais de um mês, só com 10 efetivos. E assim continuarão, pelo menos, até ao início de abril. Em causa está uma "falha administrativa", imputada ao comando e à direção da corporação, que não inseriram, dentro do prazo legal, os dados referentes às horas de serviço operacional prestado pelos bombeiros na plataforma nacional que faz esse registo. Assim, desde o dia 16 de fevereiro, 38 elementos passaram à reserva, estando, por isso, impedidos de desempenhar funções.
"A única responsabilidade pela situação é do comando e da direção, que não cumpriram a sua obrigação, apesar de terem sido avisados para tal mais do que uma vez", alegou este sábado ao JN Carlos Guerra, comandante distrital de operações e socorro de Leiria.
O responsável assegura, no entanto, que o socorro à população está garantido, quer pelos 10 efetivos da corporação quer pelos bombeiros de Figueiró dos Vinhos e de Pedrógão Grande e dos concelhos vizinhos do distrito de Coimbra.
A passagem à reserva dos 38 elementos aconteceu no dia 16 de fevereiro, mas ao que o JN apurou, só esta sexta-feira é que alguns dos bombeiros nessa situação terão sido informados pelo comandante. E nessa condição permanecerão, pelo menos até ao final deste mês, altura em que poderão voltar a integrar o quadro.
"A associação humanitária tem de resolver a questão internamente, mas o importante é que o socorro não está comprometido", salientou hoje o presidente da Câmara, António Henriques, que só teve conhecimento da situação na quinta-feira. Este sábado o autarca e o comandante distrital reuniram com o comando dos bombeiros e o líder da direção, que não deram "qualquer explicação" sobre o não registo das horas. "Desleixo, irresponsabilidade? Não sei. O presidente da direção pediu desculpa e prometeu averiguar o ocorrido", avança o edil, que convocou, também para ontem a Comissão Municipal de Proteção Civil, para explicar como será operacionalizado o socorro nas próximas semanas. "Haverá duas equipas, cada uma com cinco dos elementos efetivos, a assegurar turnos de 12 horas. Se houver necessidade, intervirão as corporações vizinhas."
Até ao fecho de edição, não foi possível obter esclarecimentos do comandante dos bombeiros de Castanheira de Pera, José Domingos.
Para se manterem no ativo, os bombeiros voluntários têm de cumprir, no mínimo, 170 horas de serviço operacional e 40 horas de formação, sendo que, em 2021, e por despacho governamental este último parâmetro não foi exigido devido à pandemia.
Se não cumprirem esses mínimos ou se os dados não forem inseridos na plataforma passam automaticamente à reserva. Só a partir de 1 de abril é que podem, de novo, integrar o quando ativo.