Moradores e comerciantes lamentam carência numa zona muito concorrida. Entre a Afurada e a Aguda quase não há máquinas.
Corpo do artigo
Todos os dias, milhares de pessoas percorrem a marginal de Gaia entre a Afurada e a Aguda. A beira-mar é uma das zonas mais procuradas pelos visitantes do concelho e há cada vez mais moradores, com diversos empreendimentos construídos recentemente ou em construção. Contudo, também há cada vez menos multibancos ou máquinas ATM, causando dificuldades a quem mora ou visita aquela zona. Em Canidelo, por exemplo, residentes e comerciantes multiplicam queixas, que se estendem pelos 15 quilómetros de costa atlântica de Gaia.
As caixas automáticas de multibanco têm desaparecido um pouco por todo o país. Entre 2020 e 2024, fecharam 57 postos na Área Metropolitana do Porto, sendo que atualmente existem 1826 caixas automáticas.
A Afurada, com três pontos de multibanco, é quase um oásis. Na restante marginal de Gaia, a escassez é palavra de ordem. "Uma das máquinas foi retirada por causa da manutenção. Estava virada ao mar e constantemente a apodrecer. Havia outra aqui em frente, também esteve aqui cerca de meio ano, e depois desapareceu", conta Vítor Baptista, sócio-gerente da pastelaria Rei dos Croissants, junto à praia de Salgueiros, na freguesia de Canidelo.
"Não faz sentido"
Segundo o comerciante, por ali existiam pelo menos duas caixas automáticas (uma no edifício do Rei dos Croissants e outra do outro lado da rua, junto ao restaurante Aqua). No entanto, ambas acabaram por ser retiradas e há cerca de dois anos que não há nenhuma por perto. "Neste momento, o multibanco mais perto que temos é ali no Continente, a cerca de 2,5 quilómetros", afirma Vítor Baptista.
Vila Nova de Gaia, o concelho mais populoso da Área Metropolitana (e o terceiro do país), com mais de 300 mil habitantes e uma área de 170 km2, tem 270 caixas automáticas de multibanco. Já o Porto - com quase 250 mil habitantes 41 km2 - tem 445 postos, ainda assim, menos 40 do que em 2020.
"Os multibancos fazem falta. Não só a nós, mas também a amigos que vêm até aqui, e às vezes precisam de levantar dinheiro e não podem. Nos meses de julho e agosto, havia por cá muitos emigrantes, que precisavam de dinheiro e não havia onde levantar", diz Rosária Monteiro, de 65 anos, que vive perto da praia de Salgueiros.
A situação repete-se ao longo da marginal até à Aguda, numa extensão superior a 10 quilómetros. Muitos moradores e comerciantes têm que percorrer longas distâncias para utilizar um multibanco, que nem sempre está disponível. "Não faz sentido nenhum, devia haver mais multibancos. Já me tem acontecido chegar ao Continente e, ou por estar avariado, ou porque o dinheiro esgotou, tenho que pegar no carrinho e ir procurar outro", sublinhou Mário Pereira, de 72 anos, que também vive na zona da praia de Salgueiros.
Pormenores
Rácio
Em 2024, na Área Metropolitana do Porto existiam 10 caixas de multibanco por cada 10 mil habitantes. Em Gaia, havia 8,6 caixas automáticas por cada 10 mil habitantes.
O caso do Porto
No município do Porto, em 2024, existiam 17,6 multibancos por cada 10 mil habitantes, um valor bastante superior à média nacional (11,6). Em 2020, esse rácio era ainda superior: 22,4.
Aumentaram
Há concelhos da Área Metropolitana do Porto onde o número de multibancos cresceu, como Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira ou Valongo.