<p>Uma das praias mais frequentadas da Cova Gala, Figueira da Foz, não é vigiada. São os nadadores-salvadores da praia do lado que vão vendo se há problemas. A falta de concessão faz com que vigilância não seja obrigatória.</p>
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"Damos uma olhada a ver se há problemas, mas a praia que vigiamos é a do lado", explicaram ao JN dois nadadores-salvadores que se encontravam sentados num esporão que separa as duas praias na Cova Gala.
Quem chega ao local, no centro da vila (junto a um barco e a um campo de futebol sintético) verifica uma grande diferença no número de banhistas, com o areal não vigiado a ser muito mais frequentada do que o do lado. "Esta praia é mais agradável, e quando está a maré vazia forma-se uma lagoa que é boa para as crianças brincarem", explica Vicenta Gomez, uma banhista acabada de chegar. Revela ainda que é a única praia da zona que costuma estar sempre cheia, juntamente com a do Parque de Campismo da Orbitur (mais a sul), esta devido à proximidade do parque. "É uma praia muito boa, por isso é que é muito procurada. Eu sou da Figueira da Foz (a cerca de quatro quilómetros de distância) e venho aqui", justifica.
Ao lado de Vicenta, José Carvalho afirma estranhar a ausência de vigilância na praia que frequenta. "Esta até é melhor do que a outra", considera. Para o banhista, natural da Figueira da Foz, justifica-se que a praia seja vigiada, até pelas fortes correntes que surgem. "Quando há maré cheia, a zona fica muito problemática", defende.
A praia, situada entre o Molhe Sul e o Parque de Campismo da Orbitur, foi apetrechada com novos acessos recentemente (passagens de madeira), levando a que mais pessoas a visitassem durante a época balnear, com especial incidência ao fim-de-semana. A morfologia da praia (bem como de outras da zona) tem-se alterado devido à erosão provocada pelas obras de ampliação do Porto da Figueira da Foz.
Ao que o JN apurou, a 19 de Julho três pessoas foram puxadas pela corrente do mar, tendo sido ajudadas por surfistas que se encontravam no local e pelo banheiro que estava de serviço no Parque de Campismo da Orbitur. Os banhistas abordados desconhecem o sucedido, mas admitem o perigo. "Já disse aos meus netos para terem cuidado. Venho aqui com eles de vez em quando e já reparei que não há vigilância", contou ao JN Maria Isabel Rosa, emigrada em França e de férias na Cova Gala.
Contactada pelo JN, fonte da Polícia Marítima da Figueira da Foz reconhece que só há poucos dias a praia em questão tem sido vigiada, mas adverte para o facto de esta não ser concessionada e, como tal, sem obrigação de vigilância. "Há que haver também uma responsabilidade do banhista, para procurar praias concessionadas", adianta.
Já o presidente da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, Alexandre Tadeia, lamenta que a lei só obrigue a que haja vigilância em espaços concessionados. "Infelizmente, há muitas praias sem vigilância. O Estado garante a segurança do cidadão português em todo o lado menos na praia", acusa.