Coordenador gostava de abrir as 58 camas esta semana, mas admite que é preciso "período mínimo de formação".
Corpo do artigo
O hospital de campanha, no Campus Universitário de Lisboa, já está equipado com 58 camas para doentes com covid-19, mas ainda espera pela resposta de 19 médicos, 13 internos da especialidade de Medicina Geral e Familiar e seis seniores, 20 enfermeiros, cinco assistentes operacionais e três técnicos administrativos. "Gostaria que abrisse ainda esta semana, mas dependemos da confirmação de todos para haver um período mínimo de formação", explicou António Diniz, coordenador desta estrutura hospitalar.
O também médico pneumologista falava ao final da tarde desta quarta-feira, numa visita pelo novo hospital de campanha, que contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, o presidente da Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo, Luís Pisco, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. António Diniz explicou que ainda é necessário dar formação aos médicos internos, em estágio, explicar "como funciona o sistema informático que vão ter de utilizar e averiguar se têm conhecimento da utilização de todos os equipamentos de proteção individual". "Em junho muito poucos tinham", reconheceu, lembrando que o hospital de campanha foi montado em março do ano passado, mas nunca chegou a funcionar por não ser necessário.
Depois das equipas estarem definidas é necessário ainda elaborar as escalas. "Se tiver essa lista na sexta-feira abrimos em 24 horas, mas não é certo. Só assim, com a equipa completa, conseguiremos funcionar 24 horas e sete dias por semana", disse. A ministra da Saúde, Marta Temido, assegurou estar "a fazer todos os esforços para haver mais meios". No total das 147 convenções que o Governo tem com a Administração Regional de Saúde do Norte (21), do Centro (17) e de Lisboa e Vale do Tejo (109), já tem mais 800 camas, para doentes covid e não covid, contratadas desde novembro. Além destas, "o Hospital das Forças Armadas está a concentrar o seu esforço na preparação de novas camas", adiantou.
Marta Temido garantiu ainda que "as respostas têm conhecido algum alargamento, no entanto os recursos são finitos". "Toda a capacidade que existe pretendemos utilizá-la já, amanhã pode ser tarde demais. Estas 58 camas são absolutamente essenciais num momento em que o país regista um número de casos diário muitíssimo elevado e em que a região de Lisboa e Vale do Tejo tem um peso significativo nesse número de novos casos diários", sublinhou.
O presidente da ARSLVT, Luís Pisco, assegurou também que estão a ser feitos todos os esforços para haver mais camas. "Contatamos todas as estruturas públicas e privadas para fazermos convenções e utilizarmos todas as camas disponíveis. Houve uma reunião com três grandes grupos nacionais privados, que estão a facultar o que é possível, uma vez que muitos estão cheios de doentes. Todos os dias fazemos levantamento das camas vagas noutros hospitais", informou.
Questionado pelo JN sobre quantos doentes já foram transferidos de hospitais de Lisboa para outras unidades hospitalares do país, Pisco não respondeu, agradecendo apenas "a solidariedade inter-regiões". "Os hospitais do Porto, São João e Santo António, hospitais de Vila Nova de Gaia, hospital de Portimão, e até na Cova da Beira, já cederam algumas camas a Lisboa", referiu.
"Os hospitais lutaram até ao extremo para conseguirem manter atividade normal com atividade covid-19, mas é impossível fazer tudo. Neste momento a covid-19 é prioritária e tudo o que não é urgente ficou adiado por uns dias", salientou ainda.