Os herdeiros de proprietário que vendeu terreno para construir arruamento e feira semanal acusam o Município de lhe dar uso distinto e de alienar uma parte sem ser ressarcido. A Câmara de Guimarães não quis comentar o caso ao JN.
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Os filhos e a viúva de António Rodrigues que, em 1989, vendeu à Câmara Municipal de Guimarães uma parcela de terreno para a instalação do recinto da feira e a abertura de um arruamento, na vila de Caldas das Taipas, reclamam, em tribunal, por acharem que está a ser dado um destino, a uma parcela do lote, distinto daquele que foi expressamente contratado. Segundo os herdeiros, o edifício Vessadas, atualmente em construção, abrange uma parte do terreno que a Câmara comprou por um preço “fixado e abaixo dos valores de mercado”, “para um fim determinado”.
João Rodrigues, filho do falecido António Rodrigues, foi o único interveniente no processo, que corre termos no Tribunal Judicial de Guimarães, que se mostrou disponível para falar com o JN. “Sentimo-nos defraudados porque o nosso pai vendeu o terreno por um preço fixado pelo Município, na condição de que seria usado para o mercado, o recinto da feira e para abrir uma rua”, queixa-se. João Rodrigues exibe o documento da escritura feita com a Câmara Municipal, em 1989, em que se lê que a venda foi efectuada pelo “preço que lhes foi fixado e para o fim já referido”.
Em finais de 2022, João Rodrigues apercebeu-se, pela colocação de taipais, que estaria para arrancar uma construção ocupando uma parcela do terreno que o seu pai vendeu e que sobrou, depois de construído o recinto da feira e de rasgada a avenida 25 de Abril. “Avisamos a Câmara desde a primeira hora”, refere. A grande maioria do edifício Vessadas, um prédio de seis andares acima do solo e dois pisos de cave, está implantado num lote vendido ao grupo Mendes Ribeiro, pelos herdeiros de João Castro e Engrácia Salgado.