Seguro não costuma cobrir acidentes quando não acontecem em serviço. Associações vão dar apoios.
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A família de Catarina Pedro, bombeira da corporação de Carnaxide que morreu atropelada quando assistia duas pessoas que tinham sofrido um acidente na A5, no fim de semana, poderá não ter direito a indemnização do seguro, já que estava de folga.
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Catarina Pedro, 31 anos, estava separada e vivia com os pais, a irmã, e os filhos, de quatro anos e 11 meses. A Liga dos Bombeiros Portugueses diz que vai apoiar as despesas do funeral e a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais garante que vai procurar "todos os apoios possíveis" para ajudar a família.
"Há uma diversidade de apoios. Depois do funeral vamos reunir com a família para ver em que moldes poderão ser equacionadas essas ajudas em termos legais", explicou, ao JN, o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, que esteve ontem, juntamente com o comandante dos Bombeiros de Carnaxide, Reinaldo Muralha, em casa dos familiares da bombeira. A filha de Catarina, Constança, de quatro anos, está agora com o pai, e o filho, Tomás, de 11 meses, com os avós, mas a ideia é que "as crianças não sejam separadas".
"A situação que está a ser equacionada é ficarem com os avós para continuarem juntas", avança Fernando Curto. A bombeira, na corporação de Carnaxide desde 2018, era voluntária assalariada e, por isso, tinha seguro de acidentes pessoais e seguro de trabalho.
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Seguros que, porém, poderão ser difíceis de acionar, uma vez que a mulher estava fora de serviço quando prestou ajuda. "Os bombeiros estão sempre de serviço, mas os seguros não costumam cobrir estas situações. É revoltante", lamentou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
Menos de 438 euros
A Liga dos Bombeiros só conseguirá ajudar os familiares que ficarem responsáveis pelas crianças se receberem menos de 438,81 euros, o valor do indexante dos apoios sociais. "Nesse caso, damos o valor que falta até atingir os 438 euros. Vamos buscar essa verba ao Fundo de Proteção Social de Bombeiros que tem vindo a aguentar-se com os peditórios que fazemos", explicou Marta Soares.
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Um apoio que, a aplicar-se, será insuficiente e, por isso, estão a ser avaliadas outras ajudas. "É menos que o ordenado mínimo nacional e, por isso, estamos a equacionar todas as possibilidades, através da Câmara, de outros apoios pelos quais os bombeiros estão abrangidos ou dos nossos seguros", explicou o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais.
Recorde-se que a bombeira regressava a casa de carro, com os dois filhos, quando se deparou com um automóvel parado na A5, onde estavam duas pessoas que tinham sofrido um acidente. Apesar de não estar a trabalhar, Catarina Pedro parou o carro e prontificou-se a prestar socorro às vítimas, quando foi atropelada mortalmente por uma terceira viatura que circulava no mesmo sentido naquela via rápida.
A reter
Homenagens
Várias corporações de bombeiros, de norte a sul do país, desde Macedo de Cavaleiros a Famalicão e Loures, lamentaram a morte de Catarina Pedro nas redes sociais.
Notas de pesar
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, deixou uma nota de pesar, no domingo, e o presidente da República lamentou a morte da bombeira, considerando-a "um exemplo nacional de generosidade e altruísmo".