Família de mulher que morreu após atropelamento em Vila do Conde pede justiça
Atropelada no dia 30 de abril numa passadeira da EN13, em Vila do Conde, Jacinta Maciel morreu depois de ter estado cinco dias em coma. A família quer que se faça justiça.
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Jacinta Maciel foi às compras ao supermercado Aldi, mesmo ao lado de casa, na EN13, em Vila do Conde. Esqueceu-se de pagar o IRS. Atravessou a EN13 e foi à bomba de gasolina fazer o pagamento. Queria “deixar tudo despachado”. No regresso, foi atropelada na passadeira por uma mota. Esteve cinco dias em coma. Não resistiu. Morreu anteontem. Tinha 52 anos. Deixa marido e dois filhos. O condutor da mota tem 17 anos.
“Ela vinha com a minha cunhada do supermercado, mas, quando já estavam a chegar a casa, lembrou-se do IRS e foi para trás para pagar. Já tinha que ser…”, atira o marido, Almerindo Rajão, ainda em choque.
O pescador estava no mar, ao largo da Irlanda, quando recebeu a notícia. Os ferimentos eram “muito graves”. Jacinta podia não resistir. O barco, de 40 metros, navegou 22 horas para chegar a terra, em França. Dali, o homem apanhou o avião. Contas feitas, só dois dias depois chegou a Portugal. A mulher já estava em coma.
“Ainda foi operada à cabeça, mas já não reagiu a nada. Foi sempre a piorar”, continua a contar.
Jacinta foi atropelada na EN13 (rua 5 de Outubro), no dia 30 de abril, às 17.20 horas. Estava na passadeira quando, contam as testemunhas, uma carrinha parou para lhe dar passagem. A mulher atravessou. Foi colhida por uma mota, que ultrapassou a carrinha e a atropelou já a meio da passadeira. O condutor da mota tinha 17 anos. Jacinta “voou” vários metros. Foi socorrida pelos Bombeiros de Vila do Conde, a ambulância SIV e a viatura de emergência médica (VMER) de Famalicão. Foi reanimada ainda no local e transportada em estado muito grave para o Hospital de S. João, no Porto, mas já “nunca mais acordou”. Faleceu anteontem ao início da tarde.
“Destruiu-nos a família toda! Nunca mais vai ser a mesma coisa. Ela faz muita falta!”, afirma Almerindo, sem conseguir conter as lágrimas. Há 24 anos, o pescador naufragou, ao largo da Mauritânia. Andou três dias perdido numa balsa. Acabou por ser resgatado. Aprendeu a viver com uma profissão “de risco”, mas nunca imaginou perder a mulher, ali, à porta de casa.
A PSP esteve no local do acidente, tirou medidas e identificou o condutor. Agora, o caso “está nas mãos do seguro”. Almerindo não sabe “mais nada”, mas a família quer “que se faça justiça”. Afinal, Jacinta “ainda tinha muito para viver”. A mulher foi ontem autopsiada. O funeral só deverá realizar-se amanhã.