Um casal com dois filhos menores – um deles bebé – ficou sem a casa onde morava, nesta semana, em Santo Tirso, por não ter conseguido reunir a verba que o senhorio exigia para poder continuar na habitação. A família diz não ter alternativas e pede ajuda.
Corpo do artigo
O tormento de Jorge e Paula, que são pais de um menino com 16 meses e de outro com oito anos começou no verão de 2023, quando o senhorio enviou uma carta a opor-se à renovação do contrato de arrendamento do apartamento onde viviam há seis anos, na zona da Carvoeira, estipulando que a família teria de deixar a casa no final de maio deste ano. Surpreendido com a decisão do proprietário do apartamento, que “nunca fez uma proposta de aumento” da renda, o casal logo mergulhou nos sites de anúncios de imóveis para arrendar, mas depressa percebeu que o mercado está inflacionado, ficando sem chão. E, agora, sem teto...
“Tentamos sempre ver se conseguíamos arranjar uma casa por nós, dentro ou fora do concelho. Tentamos ao máximo ver tudo, tudo, mas não conseguimos porque os preços são exageradíssimos; alguns, absurdos. Numa localidade próxima daqui havia um T1 muito pequenino por 950 euros ao mês. Um senhor em Gondomar pedia seis mil euros, que era o pagamento de um ano inteiro de renda. E uma pessoa vai buscar o dinheiro onde? Se pedir um empréstimo, nunca mais acaba de pagar. Aqui, o problema é o pedido de mais de duas rendas e cauções; é muita coisa, e não conseguimos”, explica Jorge Nunes.
“O tempo foi passando, e não conseguíamos arrendar por um valor que fosse possível pagar com os nossos rendimentos”, lamenta o casal de Santo Tirso, contando que, “a partir de março ou abril” deste ano tentou “ter acesso a um apartamento camarário”, mas sem sucesso. “Diziam que faltava algum documento”, relata Jorge Nunes. A família conseguiu, entretanto, negociar com o senhorio, e contava com um empréstimo particular para fazer face ao valor pedido, que faria disparar a renda de 370 para 700 euros, sendo que, no primeiro mês, teriam de ser liquidados dois meses e uma caução. “Para nós, é difícil juntar duas rendas e caução. Infelizmente, não conseguimos o dinheiro, e tivemos de entregar o apartamento na terça-feira”, lastima o homem.
Na perspetiva de se ver obrigado a pernoitar com a família na rua, Jorge Nunes deixa o apelo: “Não quero nada de graça; só preciso, pelo menos, de um quarto arrendado que tenha espaço para mim, para a minha esposa e para os meus filhos durante dois meses, a ver se conseguimos resolver a situação. Não me importo de dormir no chão, mas neste momento andamos com 14 mochilas atrás de nós, cheias de roupas e produtos de higiene, e é complicado”. Durante esta semana, Jorge e Paula dizem que pernoitaram com os filhos "numa pensão, num hotel e na casa de uma tia", sendo que, neste fim de semana, ficarão alojados "na casa de uma amiga".
O JN questionou a Câmara de Santo Tirso, que adiantou que está a "acompanhar a situação".