Uma família de Ovar acusa a Misericórdia local de não ter dado conhecimento da morte de uma idosa que estava aos cuidados da instituição. O provedor, Álvaro Silva, garante que foram "cumpridos todos os procedimentos", apesar da família só ter conhecimento do óbito uma semana depois, quando ligou para o hospital.
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Belmira da Conceição de Oliveira Rodrigues, 74 anos, utente da Misericórdia de Ovar, faleceu no hospital da cidade no passado dia 13 e foi sepultada, um dia depois, no cemitério de São João de Ovar por indicação da Misericórdia.
Contudo, a família só teve conhecimento da sua morte no passado dia 22 de agosto, quando uma sobrinha ligou para o Hospital para saber do estado de saúde da idosa. "Ninguém nos avisou do seu falecimento e sepultaram a minha tia de forma indigna, pior do que se fosse um cão, sem um funeral digno", acusa Isolete Silva.
Ao JN, a sobrinha diz que, apesar de a contactarem frequentemente quando havia problemas com a tia, desta vez não teve notícias. "Ninguém me ligou ou para outra pessoa da família". "Levaram o corpo dentro de um saco plástico coberto por um lençol e disseram que ela não tinha família", acrescenta.
Isolete Silva, que se encontra emigrada na Suíça, garante que a família não foi informada pela instituição e quer que o corpo da tia seja transladado para Válega, freguesia onde viveu. "Prometi-lhe que seria enterrada junto de uma filha já falecida e é isso que vai ter que acontecer". Contudo, a sobrinha quer ainda que a idosa seja alvo de uma autópsia. "Para apurar a causa de morte", refere.
A familiar de Belmira Rodrigues garante que irá levar o caso a tribunal. "Houve várias negligências e vamos apresentar queixa. Vamos até às últimas consequências".
O provedor da Misericórdia garante que o contacto após a morte "foi efetuado várias vezes, de forma consecutiva". "Tínhamos dois números, um inclusive da Suíça que dava como não atribuído e outro que ninguém atendeu". Álvaro Silva confirma que, perante a alegada falta de resposta, teve de tomar uma decisão. "Tivemos que proceder ao funeral, cumprindo com as normas", justificou.
O responsável da Misericórdia de Ovar adianta que se a família pretende proceder à transladação "não há problema nenhum com isso". "As despesas [do funeral] foram todas assumidas por nós", conclui.