Uma família ucraniana - avó, filha e neto -, que estava a viver em Baião desde o início da guerra, decidiu esta semana regressar a Kharkiv, na Ucrânia, apesar de o conflito não dar sinais de abrandamento e, como tal, se manter o risco de vida.
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Vítimas de uma instabilidade cujo final não se consegue antever, a família ucraniana - Alla, Daria e Dima - até agora alojada em Baião, decidiu arriscar o regresso a casa para reconstituir a família que a guerra separou, devido ao facto de a generalidade dos cidadãos do sexo masculino não poder abandonar o país.
“Chegamos no início da guerra, assustados face àquilo que acabáramos de viver: bombardeamentos constantes, mísseis e aviões. Estávamos confusos e sem entender o que nos esperava e o que deveríamos fazer a seguir. Tivemos de deixar as nossas casas e as nossas famílias para salvar a nossa vida e a desta criança”, recordam, agora, na hora do regresso a Kharkiv.
Antes de partir, a família deslocou-se aos Paços do Concelho para se despedir do autarca, Paulo Pereira e respetivo staff : “Cuidou de nós, apresentou-nos a baionenses maravilhosos, convidou-nos para vários eventos, mostrou-nos a deliciosa cozinha e tradições portuguesas, paisagens de natureza incríveis, o oceano, e a cidade indescritivelmente bela de Fátima. De todo o coração gostaria de lhe dizer as mais sinceras palavras de agradecimento pela sua cordialidade e conforto”, referiu Alla, a matriarca da família.
“O acolhimento aos cidadãos ucranianos não foi apenas um esforço deste Executivo e dos colaboradores municipais. A comunidade baionense, de uma forma geral, demonstrou todo o seu altruísmo e compaixão pela vossa situação e foi inexcedível no apoio que vos proporcionou”, replicou o autarca, desejando que “o conflito termine em breve para poderem viver em paz, pois bem merecem”.
Refira-se que Baião acolheu 30 refugiados num apoio que “não se cingiu à disponibilização de alojamento, foi mais além”, realça o autarca, ao providenciar desde os bens de primeira necessidade, refeições confecionadas e bens para confecção própria, auxílio no acesso ao sistema nacional de saúde e a cuidados de saúde primários e na obtenção de toda a documentação para poderem beneficiar da Lei de Proteção Temporária de Pessoas Deslocadas.
Segundo a autarquia, há também um diálogo permanente com os Agrupamentos de Escolas para a integração das crianças refugiadas no sistema educativo e articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, e com o Instituto de Segurança Social para a inserção no mercado de trabalho e formação de turmas para aprendizagem do português e obtenção de subsídios. Ainda, segundo a fonte, foram criados canais de comunicação diretos com a Câmara, nomeadamente através de um telefone que estava disponível 24 horas por dia.