Uma mulher está a viver um inferno com a filha, desde que, há cinco anos, uma família de etnia cigana ocupou o apartamento por baixo do seu, em Ermesinde, Valongo. O barulho e as ameaças são constantes. Há oito meses, fizeram duas puxadas do contador. Andreia ficou a dever 20 mil euros e está, desde novembro, sem água.
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Andreia Pereira é uma verdadeira resiliente. Há 12 anos, teve que deixar de trabalhar, depois de ter sofrido dois AVC (Acidente Vascular Cerebral) e cinco tromboses. Pouco depois, fugiu de casa com a filha devido a violência doméstica. Viveu numa casa abrigo até 2018, quando encontrou um T1 em Ermesinde por 250 euros mensais. O máximo que consegue pagar com a pensão de invalidez de 600 euros.
“Por baixo, vivia um casal com três crianças. Havia muita empatia e era uma família muito sossegada. De um dia para o outro foram embora e, quando dei por ela, a casa estava tomada por pessoas de etnia cigana e levei logo com uma rusga”, conta.
Rapidamente, Andreia perdeu a conta ao número de pessoas que estava a viver no apartamento por baixo do seu. O barulho, a música alta e as ameaças eram uma constante. Mas o pior ainda estava para vir. A 13 de maio do ano passado, a mulher recebeu uma conta de água para pagar superior a cinco mil euros.
“O normal seria sempre entre 15 a 22 euros. Mesmo nos acertos, nunca paguei mais de 70 euros”, aponta.
Depois, Andreia notou que deixou de receber faturas da água. Em setembro, recebeu três com um total de cerca de 18 mil euros. “Estava na apresentação da escola da minha filha e até pensei que estava a ter outro AVC”, diz.
Em pânico, pediu ajuda à Junta de Ermesinde, à Câmara e à empresa municipal que, numa auditoria, comprovou a existência de duas puxadas de água mas diz ser algo a resolver pelo senhorio. Desde então, nada foi feito e Andreia vive sem água há cinco meses.
“Andava a acartar garrafões que enchia com água na fonte quando um senhor se ofereceu para me levar numa carrinha. Aparece duas vezes por semana”, conta a mulher, que sonha, ao menos, com um quarto para viver em segurança com a filha.
Ao JN, a Câmara de Valongo adianta que já fez uma vistoria à moradia e que Andreia está inscrita para a atribuição de habitação em regime de arrendamento apoiado. “Este realojamento é prioritário e será realizado logo que haja disponível habitação com a tipologia adequada”, garante.