Iberdrola vai aumentar valor das indemnizações pelas 52 casas afetadas pelas barragens de Daivões, Alto Tâmega e Gouvães. Famílias já não vão ser realojadas em contentores.
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"Ai, Nossa Senhora, que me ouviste! Ainda bem. Ainda bem que já não vamos para os contentores. Que boa notícia! Acho que esta noite vou finalmente conseguir dormir descansada". Foi a chorar de emoção que Maria da Glória Gonçalves, 70 anos, moradora na Rua da Ponte de Arame, em Ribeira de Pena - que vai ser inundada pela barragem de Daivões -, reagiu à notícia de que já não vai ser realojada num contentor. Em vez disso, Maria da Glória e outras cinco famílias terão como alternativa casas arrendadas, no centro da vila, cuja renda será suportada pela Iberdrola. A mudança acontecerá até ao final do ano. O Natal ainda será na casa em que vive há mais de 40 anos.
Nossa Senhora da Guia fez um grande milagre
"Nunca quis ir ver os contentores e cheguei a dizer aos meus filhos: Vocês vão lá meter-me e, logo depois, vão ter de me tirar para o cemitério, só com o desgosto", desabafou Maria da Glória, acreditando que "Nossa Senhora da Guia fez um grande milagre". Isto, porque para além dos 78 522 euros que já recebeu de indemnização, a moradora terá direito a uma compensação adicional por parte da Iberdrola. No total, será distribuída uma verba de 1,4 milhões de euros pelas 52 famílias que serão afetadas pelas barragens do Tâmega.
"Estamos a falar de 950 euros o metro quadrado, o que vai permitir acrescentar um valor significativo às pessoas que foram afetadas. Se houve famílias que receberam 70/80 mil euros, agora vão ter direito a uma verba adicional que pode oscilar entre os 20 e os 35 mil euros", explicou João Noronha, presidente da Câmara de Ribeira de Pena, ontem, no final de uma reunião na Agência Portuguesa do Ambiente, no Porto. Segundo o autarca, "os cheques deverão ser entregues às famílias em finais de janeiro".
Terrenos a preço simbólico
No encontro, onde também estiveram presentes os autarcas de Boticas, Chaves, Vila Pouca de Aguiar e de Cabeceiras de Basto, assim como representantes da Iberdrola e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, ficou também acordado que caberá à empresa espanhola assumir o financiamento das novas habitações, a ser construídas nos terrenos cedidos pelas autarquias.
No caso de Ribeira de Pena, João Noronha referiu que serão 14 as famílias que já demonstraram vontade de construir casa nos terrenos que o município vai disponibilizar "a um preço simbólico de 10 cêntimos o metro quadrado".
Segundo a Iberdrola, no momento em que se realizaram os primeiros contactos com os moradores dos quatro concelhos, em 2017, 23 do total das 52 habitações correspondiam a ocupação permanente e as restantes tinham ocupação ocasional.