Reativado movimento que pretende entregar o processo na Assembleia da República no prazo máximo de um ano
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Depois de uma tentativa falhada, encetada há dois anos por um grupo de jovens, a luta pela criação do concelho de Fátima reacende-se com a reativação do movimento, que pretende entregar o processo administrativo na Assembleia de República no prazo máximo de um ano. Antes, será necessário obter parecer dos órgãos autárquicos locais. Para já, tanto o presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Humberto Silva, como o presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, remetem-se ao silêncio.
“A base da luta está assente na vontade do povo e não em interesses económicos”, afiançou esta sexta-feira António Neves Martins, professor aposentado, durante a apresentação da nova estrutura do Movimento Pró-Concelho de Fátima, presidida por si, garantindo que não há nesta iniciativa qualquer “hostilidade ou intenção de conflito com o município de Ourém”.
Segundo António Martins, o retomar do processo visa “repor a justiça”, reconhecendo as especificidades de Fátima, “o maior santuário mariano do mundo”, que recebe anualmente mais de sete milhões de visitantes que, “só por si”, impõem “a necessidade de um município específico”.
“Uma autarquia devidamente próxima e devidamente alinhada com as constantes necessidades específicas de quem aqui vive e nos visita é uma urgência”, defende o presidente do movimento, que acredita que a autonomização trará também vantagens para o restante concelho de Ourém, já que “libertará o atual município para uma dedicação mais efetiva” às outras freguesias.
Além da resposta às características próprias de Fátima, a criação do concelho trará uma gestão “com maior proximidade às populações” e “maior agilidade e rapidez nas soluções” para lacunas que ainda são sentidas nas áreas do urbanismo, planeamento, saneamento e cultura, acrescenta António Martins.
“Além de termos condições para sermos sede de concelho, é uma necessidade para concretização de um desenvolvimento mais rápido deste território”, reforçou Nazareno do Carmo, que foi vice-presidente da Câmara de Ourém, integrando o executivo socialista liderado por Paulo Fonseca, que criou o pelouro de Fátima. “Agora, nem uma pessoa da freguesia temos como vereador”, lamentou o empresário, que recordou a “traição dos políticos a Fátima”, inviabilizando, por duas vezes, o concelho. A primeira em 1992, com o chumbo da pretensão pela Assembleia da República, e a segunda, em 2003, com o veto do Presidente da República Jorge Sampaio.