Trabalhadores ainda esperam pelo salário de Novembro.
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É mais uma têxtil a fechar portas no Vale do Ave. A Tomás Coelho Unipessoal, em Vilarinho, Santo Tirso, encerrou, oferecendo um Natal amargo a cerca de 40 trabalhadores, que ainda não receberam o salário de Novembro.
Os funcionários aguardam, também, por dois subsídios e algumas horas extraordinárias. O encerramento oficial - e o que consta das cartas de despedimento - data do passado dia 30, mas os operários só seriam informados às 17 horas da última quinta-feira.
"Foram trabalhar na quarta e na quinta normalmente", sem saberem de nada, e para "acabarem uma encomenda", contou, ao JN, Cristina Adami, trabalhadora em licença de parto e irmã de uma outra operária. Laborava na Tomás Coelho desde os 14 anos. Tem 32. Diz que, em 2007, "havia um tempo em que vagava trabalho. Foi quando começaram a atrasar os pagamentos. Mas, entretanto, houve muito que fazer".
"Este ano, de Janeiro a Maio, a firma teve mais de 50% das pessoas em casa, por falta de encomendas", referiu Teresa Ribeiro, acrescentando que "a gerência vinha dizendo que as coisas estavam mal há já muito tempo". "A patroa dizia que devia muito ao fisco", pormenorizou Cristina, acrescentando: "Diziam que os clientes pagavam bastante mal, e que por isso não tinham dinheiro para nos pagar". Cristina recebia 426 euros: "Já deveriam ter aumentado em Janeiro, mas só aumentaram em Outubro, para 450".
Apesar de, há quatro meses, a administração ter alertado para a hipótese de fecho, a notícia apanhou Cristina de "surpresa".
Teresa, que trabalhava na fábrica "há 30 anos, desde que abriu", já sabia ser possível o pior: "Em redor, a gente vê fechar firmas enormes. O que é que vamos fazer? Já tenho 50 e tal anos e não me afecta muito: meto subsídio de desemprego e depois vou para a reforma. O pior é para a mocidade", observa a operária.
A firma garantiu aos operários que, no próximo dia 18, paga o mês de Novembro. O JN tentou ouvir a administração. Sem êxito.