Federação Académica do Porto apela aos partidos para pacto de regime pela juventude
A Federação Académica do Porto (FAP) apela a um Pacto de Regime pela Juventude entre os partidos políticos com assento parlamentar para "reformas estruturais" e "políticas públicas estáveis para reter talento em Portugal". O apelo assinala o Dia Internacional da Juventude, que se assinala nesta segunda-feira.
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A FAP lança ainda o repto de "ser criada uma Comissão de Acompanhamento e Avaliação das medidas para a Juventude, garantindo a sua correta implementação e avaliando periodicamente os resultados".
No pacto também se pretende envolver "organismos e entidades" do setor, sendo que o objetivo maior deste desafio visa o "cumprimento da Constituição, para a igualdade de oportunidades no acesso à Educação; trabalho digno e retenção de talento; acesso à habitação; saúde e bem-estar para os jovens portugueses".
"É absolutamente necessário um entendimento de fundo entre os principais partidos políticos, nomeadamente PS e PSD", diz Francisco Porto Fernandes, presidente da FAP, lembrando que os jovens enfrentam "precariedade dos vínculos laborais e salários abaixo da média europeia". De acordo com Instituto Nacional de Estatística, 75% dos jovens ganham abaixo dos mil por mês - menos 36% do que a média na Europa - e 57% dos contratos de trabalho celebrados são temporários.
"Uma situação agravada pela crise generalizada do acesso à habitação", segundo a FAP, representando os custos com o alojamento "um dos motivos para o abandono no ensino superior". Em entrevista ao Jornal de Notícias, Francisco Porto Fernandes disse que "é muito difícil arranjar no Porto um quarto abaixo dos 500 euros", o que equivale a mais de metade do salário mínimo nacional.
"A crise da habitação também é a principal responsável pela tardia emancipação: 56,4% dos jovens portugueses, entre os 25 e os 34 anos, ainda vive com os pais". As dificuldades refletem-se na saúde mental e no bem-estar, calculando-se que "os jovens apresentam sintomas de depressão 50% acima da generalidade da população".
Outra questão que preocupa a FAP é o êxodo dos licenciados para o estrangeiro. "Em janeiro, o Observatório da Emigração deu conta que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem, atualmente, fora do país. Este valor faz de Portugal o país com a taxa de emigração mais elevada da Europa e uma das maiores do mundo", é salientado, dando força à necessidade de "reter talento" e ao apelo a um pacto partidário na Assembleia da República, assim como à formação da Comissão de Acompanhamento.