Feira das Cantarinhas resiste, mas só duas artesãs conservam a arte de as produzir
Nos dias 2, 3 e 4 de maio, as ruas da cidade de Bragança transformam-se num grande centro comercial ao ar livre com a Feira das Cantarinhas, cujo programa foi apresentado esta sexta-feira.
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Por esta altura, há cada vez menos gente a produzir as célebres miniaturas de cântaros e apenas duas artesãs produzem as tradicionais da aldeia de Pinela. Vão estar à venda no espaço da feira de artesanato, que se realiza na Praça Camões entre 30 de abril e 4 de maio, e reúne cerca de 61 artesãos de todo o país e de Espanha, que ocuparão 70 expositores.
“A falta de artesãos é um problema transversal a outro tipo de artesanato, não é só às cantarinhas. Temos tentado sensibilizar os jovens, porque é uma oportunidade, mas nem sempre é fácil motivá-los para as artes mais tradicionais”, explicou o vereador da Câmara de Bragança, Miguel Abrunhosa.
Na Feira das Cantarinhas continuam a vender-se milhares de miniaturas de fabrico industrial.
Este ano, o centro histórico vai ser decorado com mais de meia centena de cântaras, confecionadas em vários materiais, por alunos e utentes de instituições particulares de solidariedade social do concelho que aceitaram o repto da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), responsável pela organização da feira em conjunto com o município.
Trata-se da maior feira de rua do distrito de Bragança, cuja origem se perde nas brumas da memória, com a tradição associada à venda de miniaturas de cantarinhas, que se compram para oferecer aos namorados e aos amigos, mas também ao momento de adquirir o renovo para plantar as hortas e às primeiras cerejas do ano.
“É um grande evento que acontece no nosso território e de grande valor acrescentado para a economia local e para turistas, porque são muitos os que nos visitam”, referiu Miguel Abrunhosa.
A organização da Feira das Cantarinhas implica um investimento de cerca de 82 mil euros, repartido entre a Câmara de Bragança e a ACISB.
Maria João Rodrigues, presidente da ACISBM, destacou que, este ano, “serão instalados numa rua pedonal junto à Praça da Sé dez expositores de produtos endógenos, como azeite, mel e vinhos”.