Preços a pensar na crise: três camisas cem por cento algodão a 20 euros; 30 pares de meias a 5, farturinhas a 70 cêntimos... A Feira dos Santos de Chaves termina hoje. Ontem, o concurso de gado foi um dos atractivos.
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Quando saiu de casa, a mulher deu-lhe a sentença: "divórcio" se vendesse a Fidalga e a Boneca. Não tanto por estima da parelha, mas por segurança do marido. É que, aos 71 anos, Augusto Santos Morais, de Fornos de Ledra, Torre de Dona Chama, precisa de gado manso. Com estas está como quer: Carrega um carro de lenha e elas nem se mexem.; Tira-lhes leite, a uma, que outra dá pouco, e nem um coice. "Olhe, olhe como estão quietinhas e com tanta gente ao pé delas. E hoje estão aborrecidas!". Não admira. Augusto foi para junto da parelha às duas da manhã. "Estiveram toda a noite a comer: dei-lhes feno, água com farinha, milho...". Tudo para que, ontem, parecessem bem no concurso de gado da Feira de Santos de Chaves. E se pareceram. Boneca e Fidalga arrecadaram o primeiro prémio em junta de vacas de raça mirandesa. "Estou contente? Então não estou?", questionava Augusto, de vara na mão.
"O maior prémio dos agricultores não é o dinheiro é o reconhecimento no meio. É isto que lhes alimenta o vício", reconhece o secretário técnico do livro genealógica da raça Mirandesa, Fernando Sousa. O concurso de gado, que se realizou ontem de manhã, é um dos maiores atractivos do Feira de Santos de Chaves. Hoje, o último dia do evento, é o dia por excelência das compras. Desde sexta-feira, estão espalhados pelas artérias da cidade cerca de 500 expositores, um número que se mantém há vários anos.
Há de tudo um pouco. E para carteiras em tempo de crise: "Três camisas cem por cento algodão só por 20 euros. E a cinco se for camisa para todos os dias"; "Trinta pares de meias a 5 euros". Ou "três peças (artigos para o lar)" pelos mesmos cinco euros.