O número de desempregados tem vindo a aumentar significativamente no concelho do Seixal, realidade sentida directamente pela Junta de Freguesia de Corroios, onde chegam cada vez mais diversos pedidos de auxílio.
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"Em cada dez atendimentos, dois a três são para pedir emprego", realça o presidente da junta, Eduardo Rosa, justificando a realização ontem da primeira feira de emprego e formação profissional de Corroios, uma freguesia que tem quase sete mil desempregados.
"É ajudar e encaminhar as pessoas para que possam encontrar outras oportunidades", diz, frisando que a feira surge depois de ter "encontrado algumas soluções" para desempregados que lhe solicitaram ajuda através da entrega de currículos a empresas da região.
A procura de trabalho é cada vez mais difícil para quem tem mais de 45 anos. É o caso de Natália Graça, que, com 63 anos, está há um mês a tentar a sorte. "É a primeira vez que estou desempregada e ainda não sei por onde começar. Estou no fundo de desemprego, mas conseguir trabalho é que era bom. Estou a tentar, mas é muito difícil", referiu ao JN. O laboratório de análises clínicas de Lisboa onde trabalhava há 13 anos foi reformulado e saiu. "A formação que tenho não é qualificada como querem agora", lamenta, após visitar as bancas espalhadas pelo pavilhão do Clube Recreativo e Desportivo de Miratejo.
Numa situação difícil está igualmente o pedreiro Alfredo Hermes, que, além da idade, na procura de emprego é penalizado por coxear da perna esquerda. "As pessoas não vêem como é que se sabe trabalhar, vêem só o estado. Vêem-me a coxear e pronto", queixa-se. Com 48 anos, precisa de arranjar um trabalho urgentemente, porque os 187,18 euros que aufere da Segurança Social, pela sua incapacidade, chegam apenas para pagar a renda da casa de 150 euros. "Vou almoçar à Segurança Social ou peço noutras instituições. Se tivesse trabalho era diferente. Já dava para pagar a renda, água, luz e gás. E com o dinheiro da Segurança Social alimentava-me", desabafa.
Segundo a vereadora da Acção Social, Corália Loureiro, a falta de emprego tem-se feito sentir junto das instituições de apoio social. "Tem aumentado e muito as pessoas que à noite vão buscar uma sopa ou uma sandes à 'Dá-me a Tua Mão'. Não são sem-abrigo, são pessoas que não têm dinheiro para se alimentar", adianta.
O mesmo se verifica nos serviços sociais da Câmara. "Estamos a dar alimentação a muita gente que não tem capacidade para se alimentar", nota a vereadora, realçando a importância da feira de emprego. "É uma oportunidade para as pessoas que estão em situações muitas vezes de desespero e não encontram respostas", conclui.