Comerciantes, com medo da crise e do mau tempo, fazem os possíveis para garantir as habituais enchentes na romaria.
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Um ano depois do "boom" pós-pandemia, os feirantes já nem contam com um mar de gente como a do ano passado. Só pedem que o negócio no Senhor de Matosinhos seja similar ao de 2019. Mas estão com medo da crise e das condições atmosféricas. Para atrair enchentes a uma das maiores romarias do país, os comerciantes fazem o que podem. Uma das medidas foi manter os preços. "Preferimos ter menos lucro, mas que os clientes comprem mais do que uma vez", dizem.
"No ano passado, foi a primeira festa depois da pandemia. As pessoas estavam cheias de euforia, precisavam de sair. Este ano, já não temos esse fator. Os preços aumentaram para nós, mas também para os clientes. Não dá para tudo, sabemos disso. Por isso, preferimos ter menos margem de lucro mas que os clientes possam comprar mais vezes", explica, assim, Patrícia Pinto, das farturas Família Armando, a razão pela qual decidiram não aumentar os preços.
"Com a crise que está, se alterarmos os preços, os clientes fogem", reforçam Emília Magalhães e Manuel Azevedo, proprietários das Tradições de Aldeia, onde o pitéu mais procurado é o prego no bolo de caco, a seis euros. Emília e Manuel estiveram, no ano passado, junto ao Centro de Saúde. Nas festas, que arrancam amanhã, conseguiram um lugar no "palco principal": a Avenida de D. Afonso Henriques. "Dizem que aqui é que se trabalha bem", confiam.
"Não se pode aumentar os preços. As pessoas não têm poder de compra", concorda David Costa, que faz estampagem de camisolas e há 15 anos que vende cada uma a dez euros. "Temos de fazer isto ou perdemos clientes. As coisas estão más", reforça Lurdes Alves, que participa nas festas do Senhor de Matosinhos há 44 anos. Ainda assim, aquela feirante de Rio Tinto (Gondomar) tem "boas expectativas", até porque se trata de uma das maiores romarias do país.
"faz toda a diferença"
"O Senhor de Matosinhos é uma festa que faz toda a diferença. É uma das maiores e das melhores romarias. Dura quase um mês. Tem um grande peso no nosso volume de negócios", enfatiza Leonel Antão, proprietário das Diversões Saldanha Antão.
Mais do que a crise, que diz ser "psicológica" pelo que viu na romaria de Barcelos, Leonel Antão está preocupado com as condições meteorológicas, em particular com as previsões de chuva para o fim de semana alto do Senhor de Matosinhos. "Isso, sim, afasta clientes", crê. Ainda assim, duas fichas vão continuar a custar cinco euros no seu carrossel infantil.
Por sua vez, Adelaide Moreira, vendedora de louças, desdramatiza o tempo e a crise. "Venho para o Senhor de Matosinhos há uma dúzia de anos e apanho sempre mau tempo. Já venho a contar", diz a louceira de Amarante, que admite ter aumentado os preços.
Longe dessas preocupações está Carlos Moreira. O artesão de Barcelos, que esculpiu em madeira a cadeira onde o Papa Francisco se vai sentar na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, pretende aproveitar o Senhor de Matosinhos apenas para mostrar o seu trabalho. "Vou ter peças muito bonitas", garante.
PROGRAMA
Abertura
As festas do Senhor de Matosinhos arrancam amanhã, com a inauguração das iluminações decorativas, às 21 horas. Meia hora depois, realiza-se o concerto Zé Barbosa e Horyza, no Palco das Festas.
Sábado
Abre oficialmente a XVIII Edição da Feira Artesanato de Matosinhos. Às 18.30 horas, há uma arruada de Bombos e Cabeçudos do Rancho Típico da Amorosa e, às 21.30 horas, um concerto do Ponto Fixo, no Palco das Festas.
Domingo
As 15.30 horas, realiza-se um encontro de coros na Igreja Matriz e tem lugar o Festival de Folclore, no Palco das Festas.