Montalegre, Boticas e Vinhais preparam o regresso aos grandes certames após anos atípicos devido à covid-19.
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Em 2021, devido à pandemia de covid-19, as grandes feiras de fumeiro transmontanas não se realizaram. Boticas, Montalegre e Vinhais criaram plataformas para o vender através da Internet e salvou-se algum negócio. Em 2022, repetiu-se a fórmula e só Montalegre arriscou um certame com pessoas, mas com muitas restrições. Este ano, os três eventos regressam em força ao modelo presencial, no entanto o digital veio para ficar.
"A feira virtual mantém-se porque foi um grande sucesso", refere Fátima Fernandes, presidente da Câmara de Montalegre. Há "produtores que já não vão estar na feira física, porque estão a comercializar através da plataforma online", para além de "os clientes que fidelizaram os procurarem em casa".
Apesar disso, a 32.ª Feira do Fumeiro, entre 19 e 22 de janeiro, não vai perder força. A autarca nota que vai participar perto de meia centena de produtores com "40 toneladas de produto e ao mesmo preço do ano passado, apesar da subida da inflação".
Boaventura Moura, presidente da Associação de Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã, diz que apesar de se poder adquirir o produto pela Internet "não é a mesma coisa". Estar presente, sublinha, "é diferente", porque a feira passa também a ser "uma festa".
Ora, festa é o que não vai faltar em Boticas, o concelho que, de 12 a 15 de janeiro, abre o cartaz das feiras de fumeiro de todo o país. O regresso sem restrições após dois anos de paragem é "a grande alegria" do presidente da Câmara, Fernando Queiroga.
Impulso à economia local
A 25.ª Feira Gastronómica do Porco representa uma injeção de dinheiro na economia local, que noutros anos ascendeu a meio milhão de euros. Este ano o autarca não arrisca números, dado que já se faz muito negócio através de uma plataforma na Internet. E vai manter-se, uma vez que "foi uma das poucas coisas boas que a pandemia trouxe".
Fátima Fernandes entende que "a feira virtual veio para ficar", por permitir fabricar e vender fumeiro durante mais tempo. "Enquanto houver condições meteorológicas ideais, as pessoas continuam a produzir", salienta.
"Sexta-13" é trunfo
A autarca de Montalegre fala num início de 2023 "em grande" para o concelho, não só por poder organizar a feira do fumeiro sem restrições, mas também pela "Sexta-13" que vai celebrar-se esta sexta-feira e que é, também, sinónimo de grande enchente no concelho.
Desta romaria vai beneficiar Boticas, pois coincidindo com a Feira Gastronómica do Porco, Fernando Queiroga já prevê que os visitantes tendam a passar pelos dois concelhos e a permanecer mais que um dia na região barrosã. "É daquelas atividades que se complementam. As melhores feiras de Boticas coincidiram com a Sexta-13", refere o autarca.
Depois de dois anos de interrupção, a Feira do Fumeiro de Vinhais, que também tem negócio online, vai realizar-se este ano de 9 a 12 de fevereiro, mas o programa ainda não foi divulgado pela câmara municipal.
No menu
Muito para escolher
Lá diz o povo que tudo no porco se aproveita. Daí que não falte escolha à medida do gosto de cada um dos visitantes: presunto, salpicão, pá, chouriça de carne, chouriço de abóbora, alheira, sangueira, farinheira, barriga, orelheira e outras carnes.
Mais do que fumeiro
Além dos derivados do porco, as feiras do fumeiro transmontanas abrem também as portas a expositores de outros produtos típicos de cada um dos concelhos, muitos deles comuns, como é o caso do pão, mel, folar, compotas e licores.
Património Agrícola
Com a quantidade de chuva que tem caído, a zona do Barroso, que abrange os concelhos de Boticas e Montalegre, volta a estar verdejante. É uma das características da região que ostenta o título de Património Agrícola Mundial.
Organização
75 expositores estão inscritos para a 25.ª edição da Feira Gastronómica do Porco (Boticas), 36 dos quais dedicados à venda de enchidos e derivados do porco. Antes da pandemia, os negócios correspondiam a 500 mil euros.
40 toneladas foram produzidas a partir de 450 porcos abatidos para a 32.ª edição da Feira do Fumeiro de Montalegre, que deverá gerar um volume de negócios a rondar um milhão de euros. Participam 43 produtores.