Foi apresentado, na reunião de Câmara desta segunda-feira, o anteprojeto do Feiródromo que irá albergar as feiras da Vandoma e do Cerco, em Campanhã. As obras devem arrancar ainda este ano e o orçamento é de meio milhão de euros. O espaço deverá entrar em funcionamento em abril de 2024.
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O recinto vai localizar-se junto à estação de metro de Nasoni e à rotunda Orfeão Universitário do Porto, e terá capacidade para receber 152 feirantes, o número exato que integra a feira da Vandoma e os 35 que integravam a extinta feira do Cerco. A morfologia dos lugares de venda também vai continuar a ser de seis e 12 metros quadrados.
Segundo o vereador da Economia da Câmara Municipal do Porto, Ricardo Valente, o recinto tem o objetivo de transformar a feira da Vandoma e trazê-la para o século XXI, sem perder o espírito da feira.
"Vamos investir meio milhão de euros num equipamento municipal que vai estar localizado em Campanhã para alugar a feira da Vandoma, o que vai permitir que as pessoas não estejam à chuva, que tenham pontos de ligação elétrica direto e que não tenham que ser eles a trazer qualquer tipo de equipamento para se ligar", referiu o vereador da Economia da Câmara Municipal do Porto, Ricardo Valente.
"Até ao final do primeiro semestre deste ano, estaremos preparadíssimos para lançar o concurso público de obra relativo ao Feiródromo", referiu Ricardo Valente, acrescentando que há a expectativa para que as obras arranquem no final do ano, sendo que "os trabalhos devem durar quatro meses".
O investimento previsto rondava os 300 mil euros, no entanto o valor aumentou para 551 mil euros. "Subiu porque mudámos o conceito e agora há um conjunto de mais-valias para a qualificação do espaço, como por exemplo a questão do tratamento de resíduos para evitar o amontoar de lixo que temos depois das feiras", esclareceu o vereador com o pelouro da Economia.
O projeto aponta um local com várias potencialidades como a acessibilidade, a exposição solar e visibilidade e a posição de excelência urbana. Será composto por infraestruturas como cafés e sanitários, coberturas ligeiras e iluminação pública.
De acordo com o vereador da Economia da Câmara Municipal do Porto, Ricardo Valente, Campanhã vai receber o primeiro equipamento municipal desta tipologia, o que vai contribuir para modernizar a freguesia: "Consideramos que Campanhã não pode ser a zona onde aconteça o que nós não queremos que esteja aqui na cidade. A freguesia tem que ser uma parte tão qualificada e valorizada como qualquer parte da cidade".
O vereador Ricardo Valente mencionou também que "o espaço devia ser gerido pela Junta de Freguesia, porque tem mais capacidade e proximidade de gestão, independentemente de o equipamento ser municipal".
Questionado se os feirantes estavam satisfeitos com o projeto, o vereador afirmou os mesmos não tiveram conhecimento.
"É importante dar nota de que as feiras e mercados municipais não têm lugares perpétuos. Os regulamentos municipais não permitem que um comerciante esteja numa feira e num mercado toda a vida. E bem, porque estamos perante um bem público que não é de ninguém. (...) A questão de falar é falar com quem? Com os atuais ou com os futuros?", questionou.
Joaquim Santos, da Federação Nacional das Associações de Feirantes, discordou com os comentários do vereador: "Ele sabe que existem diversas associações. Inclusive, a Autarquia esteve em contacto com algumas delas anteriormente".
Solução agrada
Ao JN, o presidente da Associação de Feirantes do Porto, Douro e Minho, Artur Andrade, reconhece a qualidade do projeto e o facto de a Câmara ter atendido às necessidades relatadas pelas estruturas representativas dos vendedores.
Ainda assim, lembrou que já houve quem desistisse do negócio. "Quem fazia feira no Cerco não esperou este tempo todo por uma solução. Além do valor das taxas e condições, muitos convenceram-se que deixou de ser sustentável realizar as vendas", explicou.
Joaquim Santos, mencionou que além de oferecer condições aos vendedores, o equipamento municipal é uma solução para o problema da via pública, que se viveu quando se fazia a feira do Cerco na Avenida 25 de Abril: "O que consta no projeto é muito positivo. O recinto oferece condições aos comerciantes para poderem trabalhar sem problemas e em cumprimento de um regulamento", considerou.
Declarando que atualmente a feira da Vandoma "está perfeitamente asfixiada", o vereador do BE, Sérgio Aires lamentou a demora para o desenvolvimento do projeto: "A solução estava prometida para janeiro de 2022 e estamos em fevereiro de 2023 e portanto, houve um tempo que se demorou a encontrar esta solução".
O vereador do BE acrescentou que os comerciantes da feira da Vandoma não são fixos, e por isso acredita que "as pessoas vão ter alguma dificuldade em registar-se e estar de maneira independente no local".
Em concordância com o BE face à demora, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo disse que "o problema assenta no atraso, porque se passou muito tempo e agora vai ser preciso esperar mais de um ano".