O Estado pagou cerca de 11 milhões de euros de indemnizações às 75 pessoas que ficaram com ferimentos graves, na sequência do incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou a 17 de junho de 2017, confirma ao JN a Provedoria de Justiça.
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No total, foram apresentadas 187 candidaturas, mas o Instituto de Medicina Legal deu parecer clínico favorável a apenas 75. Quatro anos depois, todos os processos estão concluídos.
Ambos de Castanheira de Pera, o bombeiro Rui Rosinha e o madeireiro Vítor Neves foram os dois últimos feridos graves a serem indemnizados. Reformado aos 42 anos, na sequência do incêndio de 2017, Rosinha ficou com um grau de incapacidade de 85% e foi submetido a perto de 20 cirurgias, desde então.
O bombeiro teve um acidente quando regressava do combate a um incêndio, com mais quatro elementos da corporação. Um carro bateu-lhes de frente com tal violência que as viaturas se incendiaram. A poucos metros de distância, encontraram quatro adultos e uma criança, no meio das chamas.
Escudo humano
Os cinco bombeiros de Castanheira de Pera formaram um círculo à volta da família, para a protegerem, que escapou ilesa. Gonçalo Conceição, conhecido como "Assa", acabou por morrer e os restantes ficaram com queimaduras graves.
Quando se apercebeu do incêndio, a 17 de junho, Vítor Neves tentou salvar a madeira cortada, mas foi obrigado a fugir do local, face à proximidade das chamas. Já no carro, um pneu rebentou, com o calor, e a viatura conduzida pelo patrão despistou-se. A temperatura era tão elevada que lhes causou ferimentos, assim que saíram do veículo.
No caso de Vítor Neves, as lesões foram agravadas por ter tentado levantar um cabo de telefone, caído no chão, para poder fugir.
"Como estava a ferver, o plástico ficou todo agarrado à pele e à carne", recorda o madeireiro, pelo que só tem 1,5 centímetros de dedos na mão esquerda e um centímetro na mão direita. Ficou ainda com 65% do corpo queimado. Desde então, foi submetido a mais de 20 cirurgias.
Mais 1,8 milhões
A Comissão de Avaliação dos Pedidos de Indemnização atribuiu 1,8 milhões a outros 92 feridos. O valor inclui "compensações" por vítimas mortais, danos de saúde física e mental e danos materiais.
Feridos graves
Para ser ferido grave, a vítima tem de ter estado internada com dano permanente, em perigo de vida, ou com lesão que cause dor considerável; ter sofrido danos psiquiátricos permanentes; ou perdido a perceção da realidade.
66 mortes causadas no incêndio de Pedrógão Grande, que provocou ainda 254 feridos.