Fernando Jacob, de 79 anos, estava no metro quando um apagão assolou Portugal e Espanha, causando uma falha de energia geral nunca antes vista. Resposta dos funcionários da rede de transportes no subsolo impressionou-o, mas a confusão estava instalada à superfície.
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Médico-cirurgião reformado, Fernando embarcou numa viagem que julgaria ser normal, como tantas outras, para tratar dos seus afazeres em Lisboa. Mal sabia o que estava para vir, que tornaria a travessia no metropolitano lisboeta uma aventura.
"Eram 11.33 horas. Estava em chamada com a minha filha, quando o metro parou abruptamente na Praça de Espanha. Inicialmente, achei que seria uma paragem temporária, que ficaria resolvida em breve, mas, passados 15 minutos, mandaram-nos sair para a plataforma", começou por explicar.
Até este momento, Fernando Jacob não tinha percebido bem a dimensão do problema, tendo depois sido conduzido, como os outros passageiros, até à superfície, guiado pelas lanternas dos funcionários da Metro. Foi então que se deparou com um cenário de caos.
"Se a saída da estação correu lindamente, com muita calma, quando cheguei à rua começou a desgraça", assinalou. "Vi centenas de pessoas à espera dos autocarros, semáforos desligados e toda a gente a apitar", revelou, explicando, ainda, que tratou de arranjar um plano alternativo para regressar à sua residência, na Amadora. Rapidamente percebeu que não poderia chamar um Uber, uma vez que as telecomunicações estavam em baixo, e até teve de acalmar um homem, que, no desespero, até lhe pediu o telemóvel para se inteirar da localização da esposa.
"Depois de o ter ajudado, assisti a uma discussão entre um taxista e uma cliente que não estava a conseguir pagar eletronicamente. Dei uma batida leve no capô para lhe captar a atenção e perguntei se estava livre. Como tinha dinheiro vivo, o condutor levou-me a casa e consegui resolver a minha situação", explicou Fernando Jacob.
A fechar o relato de uma viagem de metro que foi diferente de todas as que teve ao longo da vida, deixou um reparo. "Não percebo como é que um país produtor de energia, fica sem energia. Espero que as entidades responsáveis tirem as devidas ilações da situação".