Avenida é uma das principais vias de saída do Porto e esteve três anos em obras. Surge com passeios largos e um corredor bus de alta qualidade.
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As obras de requalificação da Avenida de Fernão de Magalhães, no Porto, entraram na reta final e a empreitada será inaugurada na próxima semana. No total foram três anos de obras que infernizaram moradores e comerciantes e, na hora da inauguração, as opiniões dividem-se. Uns gostam dos passeios mais largos, outros contestam a falta de estacionamento livre e pedem retificações pontuais. Não tem sido fácil a adaptação ao corredor de autocarros de alta qualidade (CAAQ) que domina agora a avenida. Ainda há poucos dias uma pessoa foi colhida mortalmente quando saía de um supermercado.
"Há menos acidentes desde que colocaram aqui os semáforos e penso que, aos poucos e poucos, quer os peões quer os automobilistas vão-se habituando à nova realidade", diz Eva Costa, funcionária da Confeitaria Império, na esquina da avenida com a Rua de Aires de Ornelas, onde ainda há pouco tempo ocorriam acidentes com os autocarros que desciam o corredor a maior velocidade.
"Esta avenida sempre foi perigosa para os peões e agora será mais! Mas as pessoas têm também de cumprir as regras e atravessar nas passadeiras e quando o sinal está verde para os peões", defende Manuel Gonçalves, que reside na artéria. O CAAQ está em funcionamento desde 20 de setembro e já houve uma vítima mortal. Um homem saiu do supermercado e terá atravessado na passadeira mas com sinal vermelho, tendo sido colhido por uma camioneta da Rede Expressos. "Embora continue a ser uma via com muito tráfego e barulho, com esta intervenção o espaço público foi muito melhorado. Acho que a avenida está bonita", diz Adelaide Braga, apontando para os passeios largos e para as árvores recém-plantadas.
As obras iniciaram-se no Campo de 24 de Agosto em setembro de 2018 e terminam agora, junto à Praça de Francisco Sá Carneiro (Praça Velásquez), com a colocação de novo tapete betuminoso e o arranjo floral de um novo canteiro que domina o separador central. A intervenção entra pela Rua Nova de S. Crispim e o barulho incomoda e afasta os clientes de Augusto Ferreira e da sua Confeitaria Luena. "Não se percebe a razão destas alterações no trânsito e da largura dos passeios na avenida. Com a criação daqueles corredores bus o trânsito ficará complicado aqui nesta rua, que já era difícil no acesso ao centro do Porto", explica o comerciante.
indemnizações
Para minimizar os danos económicos causados pelos longos meses de obra, a Autarquia gastou um total de 551,8 mil euros em indemnizações. Fernando Gonçalves, gerente do Talho da Avenida, foi um dos que pediram compensação. "Foi uma ajuda, não vou negar, mas os efeitos negativos mantêm-se apesar da obra terminar. Os clientes que se perderam não voltam, mais agora quando o estacionamento é todo a pagar", salienta.
A Câmara do Porto informa que criou ao longo da avenida 82 lugares, sendo 61 para utilização em rotação, ou seja sujeitos a pagamento, e mantêm-se os três lugares privativos para portadores de cartão de estacionamento para pessoa com deficiência.
Com a introdução de parquímetros em alguns arruamentos da envolvente, diz a Autarquia que a disponibilidade de lugares aumentou, permitindo que os clientes tenham a possibilidade de parar quando antes não acontecia por estarem todos os lugares ocupados com estacionamento de longa duração.
Também os locais de estacionamento para cargas e descargas aumentaram de três para 18. É insuficiente, afirmam os lojistas. "Esta avenida tem muito comércio e são poucos os lugares e pequenos para as carrinhas usadas nas entregas de mercadorias. Vai continuar a haver estacionamento em segunda fila", acrescenta Fernando Gonçalves.
Dados
5,3 milhões de euros foi o custo da requalificação
Os trabalhos dividiram-se em várias fases numa intervenção profunda que abarcou a extensão da avenida entre o Campo de 24 de Agosto e a Praça de Francisco Sá Carneiro (Praça Velásquez).
540 dias previstos para a realização da obra
Um ano e meio era o prazo estimado pela Go Porto (empresa municipal de Gestão e Obras do Porto) para a realização total da empreitada. Houve atrasos essencialmente devido às condições meteorológicas.
551,8 milhões de euros pagos aos comerciantes
Devido ao impacto da obra no tecido empresarial da avenida foram contactados 117 negócios. Foram rececionados 53 pedidos de compensação e quatro não cumpriam os requisitos do modelo da Autarquia.
18 lugares na avenida para cargas e descargas
Existiam apenas três e, diz a Câmara, as restantes operações logísticas realizavam-se em conflito com o acesso a garagens. Os novos lugares resultaram de um levantamento e serão revistos periodicamente.
Ficha
Autocarros da STCP
Vários serviços da STCP - Sociedade de Transportes Coletivos do Porto retomaram o seu percurso na avenida: as linhas 300, 305 e 401 voltam a fazer o circuito normal, às quais se juntou a linha 800 que tem um novo trajeto entre a Praça das Flores e o Campo 24 de Agosto.
Corredor rápido
O CAAQ consiste numa via de duplo sentido, destinada ao uso exclusivo do transporte público e munida de um sistema de semáforos de última geração que prioriza a passagem dos autocarros em detrimento dos restantes veículos. As paragens têm melhores condições de informação e conforto.