O ferryboat que faz a ligação entre Caminha e localidade galega de A Guarda, estará inoperacional pelo menos até ao verão de 2023, devido a problemas de segurança do cais de atracação na margem espanhola do rio Minho. A Câmara de Caminha está entretanto a estudar a possibilidade de construção de uma nova embarcação movida a eletricidade e a concessão daquele serviço a privados.
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A informação foi avançada, esta quinta-feira, pelo presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, a propósito de uma nova paragem do ferry, desta vez, provocada pela alegada falta de segurança do cais de atracação do lado galego e a necessidade de realização de obras de reparação.
De acordo com o autarca, a retoma da ligação fluvial está pendente dessa intervenção, da responsabilidade do organismo Portos da Galiza e cuja presidente o terá informado que, de momento, está a ser efetuado um estudo técnico de que resultará um projeto de execução para posterior avanço da obra.
"Não acredito que o concurso dessa empreitada seja lançado este ano. Será lançado certamente em 2023 e depois há procedimentos que têm a sua demora, assim como o próprio arranjo do cais. Não sou particularmente otimista relativamente a isso. Penso que vamos estar um ano sem ferry", declarou Miguel Alves, adiantando que "a ideia transmitida pela responsável dos Portos da Galiza, é que antes da próxima primavera ou verão não teremos ferry".
Segundo o autarca, este período de paragem será aproveitado pela Câmara para avaliar a possibilidade de construção de um novo ferry elétrico e a sua concessão a privados. "A embarcação existente atualmente está a chegar ao fim e tem de se fazer um caminho", disse, defendendo que a solução para a ligação fluvial entre Caminha e a Guarda deve passar "pela aquisição de uma nova, elétrica, mais moderna e amiga do ambiente, e com um calado menor, mais capaz de superar as questões do assoreamento". Recorde-se que há muito, o funcionamento do ferryboat estava condicionado às marés, devido ao acumulo continuo de areia no canal de navegação.
"Por outro lado, também deve ser ponderada a concessão da travessia, que hoje é da responsabilidade do município, como se faz com os transportes rodoviários que são subsidiados por nós", disse Miguel Alves, comentando que, até agora, "a receita do ferry não chega a metade da despesa", que compete na sua totalidade à Câmara.
Informou ainda que o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) rio Minho tem atualmente em curso um estudo, financiado pela Deputação de Pontevedra e pela Câmara de Caminha, sobre "os prós e contras de todo o tipo de investimento que se possa fazer" no âmbito de uma futura ligação fluvial. Em cima da mesa estarão várias soluções, incluindo uma nova travessia.
"Pessoalmente, sou contrário a que se construa uma ponte internacional sobre o rio Minho. Em termos paisagísticos seria um desastre total e um perigo em termos ambientais. E não vejo como seria possível em termos técnicos amarrar uma ponte com nós rodoviários de acesso, ao centro histórico de Caminha ou ao sapal do rio Coura", comentou, concluindo: "também não acredito que, do ponto de vista financeiro, haja alguma vez capacidade".