Embarcação encomendada pela Câmara é a primeira do género construída em Portugal e será única no sul da Europa.
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O velho ferryboat que faz a travessia entre o Forte da Barra, em Ílhavo, e S.Jacinto, em Aveiro, tem os dias contados. Daqui a 17 meses, estará a navegar um novo, de propulsão elétrica, 100% construído em Portugal. A Câmara de Aveiro apresentou oficialmente a embarcação esta quinta-feira, nos estaleiros da Naval Tagus, do grupo ETE, no Seixal, onde será construída. Vai haver lugar para 260 passageiros (mais 90% do que no atual ferryboat) e para 19 viaturas (mais 30%).
Com 38 metros de comprimento, a embarcação vai ser constituída por dois pisos. O de baixo, coberto, albergará os automóveis. O de cima - que tem uma parte interior e outra exterior - é destinado aos passageiros. O navio conta com rampas de acesso nas duas extremidades.
O novo ferry, cujo custo ronda os sete milhões de euros - comparticipados em dois milhões por fundos europeus -, é o primeiro 100% elétrico a ser construído, e a operar, no sul da Europa. E vai ajudar na pegada ecológica do município, uma vez que deixam de ser emitidos pelo atual ferryboat, movido a combustível fóssil, 300 toneladas de CO2, anualmente.
Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, explicou que, além de ser "uma necessidade", o novo ferryboat servirá, também, como "um elemento de marketing territorial, para que o município se torne ainda mais atrativo".
Por seu turno, Francisco Barbosa, engenheiro da Naval Tagus sublinhou o "desafio", a nível de engenharia, que a embarcação representa. "Temos que redesenhar toda a forma construtiva do navio", adiantou. No interior, o ferryboat terá dois bancos de baterias, que serão abastecidas através de infraestruturas localizadas em terra.
A nível de tempo de travessia entre as duas margens - que distam uma da outra cerca de uma milha náutica -, com a nova embarcação mantêm-se os 15 minutos atuais. O navio vai navegar a uma velocidade de cinco nós, que é a permitida naquele canal, apesar de ter capacidade para chegar aos nove. A travessia da ria de Aveiro vai passar a ser, também, mais silenciosa e, segundo a autarquia, confortável.
RIbau Esteves realçou, também, a importância da ETAC/Transdev, empresa detentora da concessão do ferryboat, cujos trabalhadores terão que "aprender a manobrar um ferry elétrico". "É um investimento que trará um retorno importantíssimo", adiantou o autarca.