Segurança Social garante já ter corrigido erro que levou vales postais para Avintes em vez de Crestuma.
Corpo do artigo
Com cancro em dois órgãos vitais e obrigado a ficar de baixa por causa da doença, Jorge Sousa jamais imaginou ter de enfrentar outra batalha depois do diagnóstico que o deixou sem chão a 10 de março, dia que não esquece. Mas acabaria por ver-se a braços com outro revés, ao descobrir que a Segurança Social tem registada uma morada que nunca foi sua e que é para lá que tem enviado os vales postais da baixa, deixando-o sem receber a remuneração.
“Não moro nem nunca morei em Avintes; moro em Crestuma há 10 anos. E, antes, a minha morada foi na Avenida Fernão de Magalhães, no Porto”, reclama o utente de Gaia, que tem “andado a gastar combustível e a ir para filas”, sem ver o problema resolvido.
“Atualizar o quê?”
“O Instituto de Registos e Notariado [IRN] diz que o erro não é deles, mas da Segurança Social. Fui à Segurança Social, e dizem que o problema é nos registos e notariado e que tenho de atualizar a morada. Mas se aqui ela está correta, vou atualizar o quê?”, protesta Jorge Sousa, que tem entre as mãos os documentos a comprovar o domicílio corretamente registado no IRN.
“Para a Autoridade Tributária e para o Serviço Nacional de Saúde, a minha morada é em Crestuma. Vou aos registos e notariado, e o número da Segurança Social corresponde ao meu cartão de cidadão, que tem a morada certa. Mas na Segurança Social aparece uma morada em Avintes, e a única solução que me deram foi fazer um novo cartão de cidadão com a morada correta, quando a morada está correta”, pasma-se o utente.
“Se tivesse vivido na morada que consta na Segurança Social, ainda poderia compreender, mas nunca lá morei. Há um erro imperdoável, e depois empurram uns para os outros: do notariado para a Segurança Social e daí para o notariado. Já não sei mais o que fazer, e o certo é que estou sem o dinheiro de dois meses de baixa. Tenho 62 anos e estou quase reformado; a minha reforma vai para a Rua 5 de Outubro, em Avintes?”.
À espera dos CTT
Ao JN, a Segurança Social garante, contudo, que o equívoco não irá subsistir e, embora não explique a que se deveu o erro, indica que “no [passado] dia 20 a morada foi corrigida no sistema”, na “sequência de reclamação do beneficiário e após confirmação dos dados junto dos serviços do Instituto dos Registos e Notariado”.
Também “foi solicitado aos CTT, na mesma data, o cancelamento dos dois vales de correio relativos ao subsídio de doença dos meses de abril e maio”, sendo que “serão reemitidos para a morada corrigida logo que os CTT confirmem o seu retorno”.
“A minha sorte foi ter sido chamado para a junta médica por telemóvel, se não, nunca mais era notificado”, diz Jorge Sousa.