O vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, foi eleito presidente da direção do Porto, o Nosso Movimento. O número dois de Rui Moreira na Câmara reforça assim o protagonismo, numa altura em que no horizonte político começam a vislumbrar-se os primeiros sinais das próximas eleições autárquicas. Um sufrágio ao qual Rui Moreira não pode recandidatar-se à Câmara do Porto, uma vez que atingiu o limite de três mandatos.
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Neste cenário, PS e PSD, as forças que tradicionalmente disputavam as vitórias eleitorais no município antes da vitória do independente Rui Moreira, veem surgir uma janela de oportunidade de reconquistar a Autarquia.
Filipe Araújo é vereador de Rui Moreira desde o primeiro mandato, iniciado em 2013, e vice-presidente da Câmara desde 2017. Em comunicado do movimento, refere que a equipa agora eleita está "empenhada em continuar a promover uma associação cívica aberta à sociedade, um verdadeiro espaço de debate alargado sobre o Porto", que reflita "a sua condição presente e o seu futuro, alicerçados no legado" construído "ao longo dos últimos anos".
Um dos principais desafios de Filipe Araújo será precisamente começar a preparar o processo autárquico, tendo em vista a sucessão de Rui Moreira. Continua a ser uma incógnita se o movimento, sem Moreira, apresentará uma candidatura própria ao Porto, mas o assumir da liderança por parte de Filipe Araújo pode dar força a uma eventual candidatura do número dois de Rui Moreira.
Recorde-se que Rui Moreira conquistou a Câmara em 2013, sucedendo ao social-democrata Rui Rio, que esteve 12 anos à frente dos destinos da Autarquia. Na altura, o PS apostou em Manuel Pizarro (atual ministro da Saúde) e o PSD em Luís Filipe Menezes, que atravessava o rio Douro para, após um longo reinado em Gaia, tentar assumir as rédeas do Porto. Apesar do favoritismo que lhe foi apontado mesmo antes da campanha, Menezes foi o grande derrotado do sufrágio que elegeu Rui Moreira.
Aliás, a escolha de Luís Filipe Menezes teve muitos anticorpos dentro do próprio PSD, a começar pelo próprio Rui Rio. O então presidente cessante fez críticas duras ao trabalho de Menezes em Gaia e, embora nunca tenha assumido publicamente, nunca houve grandes dúvidas do seu apoio à candidatura de Rui Moreira.
Atualmente responsável pelo pelouros do Ambiente e Transição Climática e da Inovação e Transição Digital, Filipe Araújo é ainda presidente dos conselhos de administração da Empresa Municipal de Ambiente do Porto, da Agência de Energia do Porto e da Associação Porto Digital, entre outros cargos.
De acordo com o mesmo comunicado, "a candidatura apresentada aos órgãos sociais do Movimento Cívico reuniu o consenso alargado dos associados, numa eleição marcada pela elevada afluência ao local de voto, no final da tarde de sábado".
No sufrágio, António Agostinho Guedes foi eleito presidente da Assembleia Geral e José Rebouta presidente do Conselho Fiscal.
"À direção cessante, liderada por Francisco Ramos, e ao professor Valente de Oliveira, até aqui presidente da mesa da Assembleia Geral, os novos órgãos sociais manifestam o seu profundo agradecimento", sublinha, ainda o comunicado.