Espaço fundado há 82 anos, pelo livreiro Henrique Perdigão, na Baixa do Porto, vai fechar as portas no dia 4. Clientes mostram-se indignados com a decisão do grupo Leya. Futuro do espaço é ainda uma incógnita.
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A tarde de sábado vai a meio e adensa-se o corrupio na Latina, livraria de fachada arte nova em tom dourado encimada pelo busto de Camões, no coração da Baixa portuense. O ritmo a que as duas bandas da porta dançam não deixam adivinhar que a livraria fundada em 1942 por Henrique Perdigão, um conhecido livreiro do Porto, vai encerrar no final do próximo dia 4 para não mais abrir, sendo o futuro da loja ainda uma incógnita.
O escritor João Pedro Mésseder está entre os clientes fiéis em visita à loja histórica que, sabe o JN, viu as vendas disparar na sequência do encerramento da vizinha Fnac, a poucos metros, no final de setembro. "De repente, na Rua de Santa Catarina, que é a mais comercial do Porto, ficamos sem a Fnac e, ao lado, sem a Latina. Agora, só há uma livraria no [centro comercial] Via Catarina, mas é pequena", lamenta o autor da Leya, grupo que detém a livraria octogenária. "Em plena Guerra Mundial vendia-se aqui livros", evoca Joaquim Santos, que foi funcionário na também extinta Livraria Leitura, na Rua de José Falcão, e trabalha há vários anos na Latina.