<p>Para financiar a prática desportiva dos seus atletas, o Ginásio Clube de Corroios, no Seixal, utiliza as instalações da colectividade para concertos de "heavy-metal". No entanto, a falta de apoios ameaça a continuidade desta fonte de receita, considerada essencial.</p>
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Os concertos puseram a vila seixalense no mapa, mas o negócio pode acabar. Em causa está uma das principais fontes de receita do Ginásio Clube de Corroios, uma colectividade que serve cerca de 600 jovens, 400 dos quais nas nove equipas de futebol de formação, a principal actividade do clube. A maioria das despesas refere-se a deslocações, vestuário e alimentação em dias de jogo.
A ideia provou ser rentável e outros clubes estão a fazer o mesmo. É o caso da Sociedade Incrível Almadense, em Almada, a pouco mais de cinco quilómetros. Além do regresso anunciado do Hard Club, no Porto, uma das principais salas ligadas ao género musical do país. Com mais locais e com a concorrência de Lisboa, o número de grandes bandas está a diminuir em Corroios.
Só em 2007, o clube fez mais de 15 mil euros com os concertos. Mais três mil do que as receitas anuais que recebe do poder local, Junta de Freguesia e autarquia. "As receitas são para o futebol. É o que envolve o clube a 99%", explica Miguel Godinho, presidente da colectividade.
Apoios também são poucos. Eduardo Rosa, presidente da Junta de Freguesia da vila, admite que a música "divulga Corroios" e esclarece a questão: "A Junta não participa em nada, pois os espectáculos são efectuados com fins lucrativos."
Os eventos decorrem no Cine Teatro, um antigo cinema que esteve algum tempo desactivado e que pertence ao clube. O espaço precisa de alguns melhoramentos.
"Temos de melhorar o espaço, ao nível do ar. Se aparecer uma sala melhor nos arredores de Corroios, podemos estar em risco", avisa Miguel Godinho.
Grande parte da população, incluindo os sócios do clube, reage com indiferença aos concertos. O comércio local tem beneficiado com os eventos, mas alguns populares queixam-se do lixo. Nem tanto do barulho, uma vez que os espectáculos terminam, no máximo, à meia-noite. Porém, a Junta de Freguesia não recebeu queixas.
Aproveitar fim do Hard Club
A ideia surgiu há quatro anos, quando o Hard Club de Gaia, se preparava para encerrar e numa altura em que os concertos do género escasseavam em Lisboa, devido ao elevado preço das salas de espectáculo. Com poucos espaços disponíveis para o mercado, a direcção arriscou. A primeira banda foram os norte-americanos Testament e o espaço lotou.
Desde então, a vila do concelho de Seixal já recebeu alguns dos conjuntos mais importantes do "heavy-metal", como Angra, Sodom ou Cannibal Corpse. Na quinta-feira, a partir das 20 horas, Corroios recebe os brasileiros Sepultura, pela segunda vez.