A aldeia de Carreira, freguesia de Sobradelo da Goma, no concelho da Póvoa de Lanhoso, foi, na tarde deste sábado, palco de uma simulação de incêndio florestal, que serviu para testar os meios da Proteção Civil local.
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Foi preciso evacuar casas e adotar medidas de segurança, mas, no final, “salvou-se” toda a população. A aldeia tem uma única estrada de acesso, estreita, e em caso de fogo, é por ali que têm de entrar os bombeiros e sair a população. Foi por isso que, em junho de 2024, este povoado foi escolhido para ser o primeiro a integrar o programa Aldeia Segura Pessoas Seguras no concelho. Um ano depois, a prontidão do dispositivo foi testada por um incêndio “a fingir”.
À hora designada por Pedro Dias, responsável pela Proteção Civil da Póvoa de Lanhoso, irrompeu um fogo na encosta sobranceira à aldeia. Carreira está numa depressão, rodeada por floresta. José Manuel veste o colete laranja, pega no megafone, no telemóvel e no manual de operações. Verifica o foco de incêndio e, em menos de cinco minutos, está a ligar para o 112.
“Exercício, exercício, exercício”, começa por dizer, para que o PSP que atende saiba que não é uma situação real. “Há 12 pessoas na aldeia, uma delas acamada. Vou evacuar devido a um incêndio florestal. Vamos precisar de uma ambulância”, refere José Manuel, nomeado oficial de segurança de Carreira, por ser o habitante mais jovem.
Miniautocarro se necessário
Os moradores começam a sair das casas a caminho do local de abrigo designado e assinalado por sinalética florescente. “Há uma senhora que não vê”, alguém alerta. Maria Dólares, de 76 anos, teve um descolamento da retina grave e não vê quase nada, mas a vizinha, Margarida Rodrigues, de 72, não a deixou para trás. Quando vão à procura dela, já vem a descer a calçada com a mão no ombro da amiga.
A terra é pequena e, em menos de 10 minutos, o povo está todo reunido (seis pessoas não quiseram ou não puderam participar) no ponto assinalado.
“Agora é preciso esperar pelos bombeiros que do centro do concelho aqui levam uns 20 minutos”, esclarece o vereador da Proteção Civil, Ricardo Alves. “Se for mesmo preciso evacuar, manda-se um miniautocarro que leva todas as pessoas de uma vez. Se fosse cada um no seu carro e houvesse um acidente, o mais provável é que depois os bombeiros nem conseguissem passar”, explica.
Tudo preparado
“Estamos a fazer um simulacro, mas, em setembro, andou aqui o fogo de volta e tivemos de acionar este dispositivo. Acabou por não ser preciso evacuar, mas estava tudo preparado”, lembra o autarca.
Chegam os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso com uma viatura de combate a incêndio e uma ambulância e a GNR. José Manuel mostra-lhes a frente de fogo que, entretanto, alastrou. A partir daqui, começaria o combate às chamas e seria tomada a decisão sobre retirar ou não a população. Neste caso, terminou o exercício.
“A vantagem é que, desta forma, quando os bombeiros e a GNR chegaram ao local não tiveram de percorrer a aldeia porta a porta, nem de se preocupar com pessoas que pudessem estar dentro das casas, mas que não tivessem mobilidade, visão ou audição”, conclui Pedro Dias.