Chamas que deflagaram esta segunda-feira em empresa do setor automóvel causaram nuvem de fumo visível a vários quilómetros. Houve várias explosões e evacuação de edifícios. Ninguém ficou ferido.
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Ouve-se um estrondo nos escritórios. Nada de estranhar, dizem os trabalhadores, numas instalações onde também estão localizados os armazéns de peças da Auto Sueco, na zona industrial do Porto. "É uma coisa normal", explicariam. Mas desta vez, o estrondo ouvido foi o de uma explosão. Em minutos, as instalações da empresa foram tomadas pelas chamas, num incêndio que deflagrou à hora de almoço e só ao final da tarde deu tréguas. Ninguém ficou ferido, mas pouco ou nada resta do espaço.
A espessa nuvem de fumo negro era visível através das câmaras do Centro de Gestão Integrada do Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto mas foi também avistada a muitos quilómetros de distância, atraindo também muitos curiosos à zona industrial.
Calor intenso
As chamas intensas e as sucessivas explosões, algumas com projeção de peças, conduziram mesmo ao colapso da cobertura do armazém e à evacuação de outros edifícios na área envolvente à empresa. A carga térmica era de tal forma elevada que conseguia sentir-se a largos metros de distância.
Ao que o JN conseguiu apurar, nas instalações da Auto Sueco estariam armazenados pneus, baterias automóveis, entre outros materiais altamente inflamáveis, e ainda 55 mil litros de óleo.
Era hora de almoço e Lurdes Cruz tinha regressado ao escritório há poucos minutos quando um dos seguranças do edifício entrou na sala e deu ordem para evacuar o espaço. A trabalhadora não se tinha apercebido de nada. Os Sapadores receberam o alerta às 13.49 horas, acionado pelo sistema de deteção de incêndios do edifício.
"Não sabíamos porquê, mas obedecemos. Quando chegamos cá fora, vimos já um bocado de fumo a sair do edifício, mas nunca pensámos que se alastrasse desta forma", admite. Outro trabalhador confessa também ao JN que sem o alerta do segurança teria ficado na sala, por estar já habituado a ouvir alguns barulhos idênticos vindos das oficinas.
"Sim, e às vezes há pneus de camiões que rebentam a passar por aqui. Ouve-se um estouro e parece até que o escritório abana. Sou franca, nem dei fé, mas mesmo que tivéssemos ouvido um estouro ou outro, não tinha chamado a atenção porque é normal", reconhece. Trabalha no edifício da Auto Sueco há quase 14 anos.
Alguns funcionários, adianta Lurdes, "ainda tiveram sangue frio para ir buscar as carteiras, portáteis e telemóveis", numa altura em que o fumo já começava a entrar na sala.
"Somos à volta de 50 pessoas nos escritórios [com exceção das oficinas]. Por ser hora de almoço, não estávamos tantos. E os seguranças tiveram o cuidado de correr as instalações e certificaram-se que não ficou ninguém lá dentro", recorda.
Sem propagação
Mais tarde, o comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto, Carlos Marques, confirmou que, quando a corporação chegou, o edifício já tinha sido evacuado e adiantou ter sido possível "conter as chamas sem propagação a edifícios contíguos". "Conseguimos também evitar que se propagasse a outro armazém de peças com bastante material inflamável", resumiu Carlos Marques. Registaram-se "danos na Auto Sueco e num armazém de peças que se encontra na face norte da empresa".
O elevado perigo de explosão obrigou a PSP a alargar o perímetro de segurança e a bloquear alguns acessos ao trânsito. Além do corte da Rua de Manuel Pinto de Azevedo, também foi vedado o acesso à Avenida AEP pela Estrada da Circunvalação.
Pelas 16.30 horas, o comandante dos Sapadores, Carlos Marques, deu o incêndio como circunscrito, perspetivando-se um reforço de meios. Duas horas mais tarde, o fogo foi declarado como extinto.
Perto das 19 horas, a página da Proteção Civil contabilizava 147 operacionais (entre bombeiros e forças policiais), apoiados por 52 viaturas nas operações de rescaldo.