Foi dia de procissão em Ermesinde. "A Santa Rita simboliza muito. Tenho muitas coisas concretizadas"
A procissão de Santa Rita de Cássia juntou, este domingo, muitas famílias junto ao santuário de Ermesinde. Os fiéis aproveitaram a ocasião para homenagear a "advogada das causas impossíveis" mas, garantem que todos os dias, naquele lugar, são "especiais".
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De chapéu e luvas calçadas, Zulmira Tavares coloca, cuidadosamente, as pétalas de flores que tem na mão sobre o chão que atravessa o átrio do Santuário de Santa Rita de Cássia, em Ermesinde, Valongo. O tapete de flores, por onde a padroeira vai passar, já está quase pronto. Em redor, dezenas de famílias tentam arranjar um lugar à sombra para assistir à procissão da santa “dos impossíveis”.
“É a advogada de todos os males impossíveis”, afirma Zulmira, de 69 anos, que, apesar de ser de uma freguesia vizinha, tem “muita fé” na Santa Rita. A pedido da amiga Rosa, foi ajudar a construir o tapete de flores e, assim, “faz alguma coisa” pela santa que a “tem ajudado muito”. “[A Santa Rita] simboliza muito para mim. Tenho muitos pedidos a fazer e muitas coisas concretizadas”, diz, embargada pela emoção.
As cores das flores, minuciosamente deixadas no chão, dividem a rua ao meio. De cada lado, os devotos esperam pela procissão: uns sentam-se nas bermas dos passeios, outros escolhem a sombra das árvores.
Pedidos à Santa Rita
“Os meus pais vinham muitas vezes à Santa Rita a pé”, conta Catarina Silva, de Vila do Conde, sentada ao lado do marido, natural de Ermesinde, e do filho. “Já é uma tradição. Gostamos muito de cá vir e, sempre que visitamos os meus sogros, aproveitamos”, diz Catarina, de 35 anos. A Santa Rita só pede “saúde”, para ela, para a família e para o bebé que chega daqui a um mês. “Agora é esperar que o Gabriel nasça para depois vir com ele”, conclui.
A procissão está quase a começar. Pedro Mendes e a namorada esperam, ao lado um do outro, que os andores saiam pela porta do santuário. “Quando posso, tento vir cá. Não só no dia da procissão”, diz o jovem de 28 anos. Cresceu em Ermesinde e ligado à religião. Sem conseguir traduzir por palavras, diz apenas que Santa Rita tem um “valor emocional”, tal como a Fátima. “São as duas grandes santas de quem eu sou devoto”, sublinha.
O andor com Santa Rita saiu atrás da fanfarra e o silêncio logo se instalou. “É um dia especial porque ela vem cá fora, mas todos os dias são especiais. Venho cá sozinha, muitas vezes”, conta Ana Silva, natural de Ermesinde.