Duas dezenas de trabalhadores da fábrica de calçado SoukShoes, em São Vicente de Pereira, Ovar, foram de férias de Natal e, quando regressaram, encontraram a fábrica fechada. Ontem, sexta-feira, manifestaram-se em frente às instalações da empresa.
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O Sindicato do Calçado fala em "encerramento fraudulento", com alegada deslocação de outros trabalhadores e de máquinas para outra fábrica.
Cerca de 20 trabalhadores, dos 40 que faziam parte da empresa, encontraram os portões encerrados no passado dia 11, quando regressavam de um período de férias. "Ficámos surpreendidos com o fecho, porque tínhamos trabalho e fazíamos muitas horas extraordinárias. Aliás, se não trabalhássemos mais horas até nos ameaçavam", contou, ao JN, uma funcionárias, que, agora, mostra-se preocupada. "Tenho filhos e encargos pendentes. Não sei como vou sobreviver", disse.
Há ainda denúncias de falta de pagamento a alguns dos trabalhadores e da alegada deslocação dos restantes funcionários (cerca de metade do total da fábrica encerrada) para outra empresa. "O patrão escolheu alguns dos nossos colegas e levou-os para outra fábrica. Não há justiça neste país", desabafaram, ontem, os operários em protesto.
Factos que, na opinião da coordenadora do sindicato, Fernanda Moreira, apontam para um encerramento "fraudulento". "Queremos que a Inspecção do Trabalho investigue. Para além dos trabalhadores, há máquinas que foram transferidas para outra empresa e até uma viatura", assegurou Fernanda Moreira, referindo que, "não foram respeitados os requisitos para despedimento colectivo".
A sindicalista adiantou que a empresa deu entrada com o processo de insolvência, do qual constam dívidas de "300 mil euros à Segurança Social e 40 mil às Finanças". Com a ajuda do sindicato, os trabalhadores receberam a documentação para usufruírem do subsídio de desemprego.
Para Fernanda Moreira, este é apenas "um exemplo" do número crescente de processos insolvência que, na sua opinião, "acontecem por causa da actual lei". "É preciso responsabilizar os donos. Em alguns encerramentos mudam-se o nome às sociedades e os proprietários passam a ser outros. É necessário investigar os casos que levantam dúvidas", acrescentou.
